Quase despercebida (embaixo da coluna de Dora Kramer) na edição de domingo (18/mai) do Popular, a reportagem “Municípios arrecadam muito mais do que investem”, de Caio Henrique Salgado, apresenta um cenário tenebroso para a população de grandes cidades goianas, especialmente Goiânia e Anápolis.
Calamidade nos postos de saúde, crise na coleta do lixo, iluminação pública sem manutenção, ruas esburacadas e muitos bairros sem asfalto, esses são alguns dos atuais problemas nas duas cidades.
Agora, imagine se isso tudo piorar. Segundo a reportagem, é muito provável que ocorra esse agravamento porque as duas prefeituras perderam a capacidade de investimento graças ao aumento exorbitante dos gastos com pessoal.
É isso mesmo: Goiânia e Anápolis estão entre as cidades goianas com a pior relação arrecadação/investimento per capita. Na Capital, por exemplo, a prefeitura arrecadou R$ 690,51 por habitante em 2013 e só devolveu R$ 56,59 em investimentos. Em Anápolis, a arrecadação per capita foi de R$ 389,30 e o investimento, R$ 151,03.
Cidades em melhor situação investem pelo menos acima de 50% do valor arrecadado, como são os casos de Catalão, Itumbiara, Aparecida e Senador Canedo.
Como o crescimento populacional acelerado de Goiânia e Anápolis demanda melhorias e redimensionamentos constantes na estrutura urbana e nos serviços públicos, é sensato pensar que as duas cidades estarão mergulhadas em crises piores ainda nos próximos anos.
Veja a opinião do economista Paulo Borges, especialista da PUC-GO ouvido na reportagem: “Com a baixa capacidade de investimento, evidentemente que aquelas demandas de viadutos, avenidas, que guardam relação com a expansão da economia, não acontecem. E sem suprir essas demandas, não são criadas novas dinâmicas econômicas, estagnando a arrecadação”.
Um círculo vicioso que tende a trazer mais defasagem na oferta de serviços e aparelhos públicos, ampliando o caos. É um legado terrível que as administrações do PT e do PMDB deixarão para as próximas gerações.