Em seu blog, o jornalista Luis Carlos Bordoni disse que tem espírito cristão e que, publicamente, fazia questão de se desculpar com o cronista esportivo Cleuber Carlos, a quem atacara em texto postado anteriormente no mesmo lugar.
Cleuber havia colocado no seu blog pessoal o famoso vídeo da campanha de 2002, em que Bordoni, no programa eleitoral da candidata a senadora Lúcia Vânia (PSDB), mostrava a riqueza de Iris Rezende, com cenas aéreas espetaculares de fazendas e muito gado nos pastos.
Bordoni não gostou e sentou a vara em Cleuber Carlos. Assumiu a responsabilidade pelo vídeo, no qual aliás aparece em corpo e alma esculachando Iris, mas disse que não aceitava ver a peça pendurada no blog de alguém que fez ataques a ele, Bordoni, quando delatou ter recebido dinheiro de caixa 2 na campanha do PSDB em 2010.
Arrependeu-se. “Perdão foi feito pra gente pedir”, diz Bordoni.
Veja o texto:
A ira é a pior das conselheiras. Ainda que o tempo passe, que a idade avance, que a vida já nos tenha ensinado muito, continuamos aprendizes. Uma pequena falha na vigília de conduta e tudo o que nos deu a escola da vida fica à margem, principalmente quando carregamos profundos ressentimentos por injustiças, agressões e ofensas que sabemos não sermos merecedores.
Foi o que se deu comigo, ontem. Um breve descuido e a minha revolta se fez vulcão. Não pelo fato de que tenham publicado um velho vídeo de campanha eleitoral em que abordo a riqueza de Íris Rezende Machado, mas pelo fato de quem o publicou. Esta a minha indignação. Um cidadão que, durante o episódio da CPMI, usou todo o seu espaço para atacar a mim, publicando o imaginável e o não, contra mim e os meus, de repente, para atacar o líder peemedebista, faz uso de tal gravação, usando-me como instrumento de suas intenções.
A reação é subjetiva e nem posso imaginar como se sentiriam as senhoras e os senhores, diante de uma situação dessas: ser acusado de tudo, despido de todos os seus valores e, depois, ser usado pelo acusador para a consecução de suas intenções.
Confesso: perdi o controle. Era a gota d’água que faltava. Deveria ter deixado derramar, mas falhei, descuidei-me como vigilante e acabei despejando as lavas da minha revolta num espectro mais amplo, atingindo a quem não tinha nada a ver com a história.
Como se dizia nas brigas de escola, que haja as desavenças, mas sem colocar a mãe no meio. Infelizmente, cometi esse desaire em relação ao Senhor Cleuber Carlos, a quem, de público, eu peço desculpas, como peço desculpas por tudo o mais que possa ter dito por conta de tal exacerbação.
Eu jamais poderia tê-lo feito, até porque não tem tal senhora nada a ver com as diferenças e as divergências que permeiam a relação entre mim e tal cidadão. E até por que os pais não podem ser culpados pelos filhos que têm.
Desculpas. Eu as peço por conta do erro, pois a mim não falta hombridade para reconhecê-lo e nem destemor para fazê-lo. Tal qual dizia Pedro, o pescador de almas, sou um cristão, sinto amor pelos meus irmãos, mas também sinto raiva. Amo e ao mesmo tempo repilo. Quero abraçar o meu semelhante, mas também quero estapeá-lo. Essa luta é permanente e cansativa. Tenho o Espírito de Deus em mim, mas também sou homem – falho, pequeno, miserável.
Perdoar envolve pedir perdão primeiro. Exige mergulho em humildade, grandeza de caráter; exige abster-nos de uma suposta razão que nos force a “fincar os pés teimosamente nas nossas convicções mais íntimas”.
Saibam, amigos – e é isso o que sinto neste momento -, nada é mais reconfortante do que o reconhecimento das próprias falhas. É saber-se humano, pequeno, frágil. O sentimento de grandeza, de infalibilidade, geralmente impede que transijamos ou que sejamos flexíveis, que voltemos atrás. Às vezes é necessário sacrificar a certeza de que se tem razão e pronunciar o pedido,mesmo quando isso se traduza em suposta humilhação.
No mais, tenham ótimo domingo. Que a providência nos proteja a todos das vicissitudes da vida, do engano e da mentira.
Que o Senhor esteja convosco.