O Diário da Manhã publicou, nesta terça-feira, uma obra-prima de puxa-saquismo assinada (porém não escrita, supõe-se) pelo vereador Paulo Borges (PMDB). Paulo faz uma defesa apaixonada e fervorosa do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), que era alvo de um pedido de impeachment – arquivado hoje cedo.
Dizem as más línguas que Paulo Borges fez o artigo para pagar a dívida por ter sido salvo da cassação na época da Operação Jeitinho, que implicou ele num suposto esquema de cobrança de propina de empresários para liberação de licenças ambientais.
Veja o artigo na íntegra:
Paulo Garcia é íntegro e os golpistas a latrina da história
Os homens públicos não podem se furtar a ouvir críticas das mais variadas formas e origens. Nós, que colocamos nossos nomes à disposição da sociedade e buscamos ser procuradores da população para desempenhar mandatos eletivos devemos respeitar a diversidade de pensamento e as considerações que as pessoas têm de nós, sem querermos nos resguardar em falsas armaduras como se não tivéssemos a obrigação de ouvir e de filtrar o que é procedente do que é pura maledicência.
Falar sobre os problemas que a administração enfrenta, criticar o prefeito e seus auxiliares, apontar dificuldades de exercer com plenitude a cidadania, fazer oposição política, tudo isto é direito pleno dos cidadãos. Lutamos muito para construir esse estado democrático de direito em que as pessoas podem expressar o que pensam e cobrar mudança de atitudes. Eu, pessoalmente, estive nas ruas por inúmeras vezes para defender o retorno do Brasil à democracia e a reconstrução da liberdade, tão cara para nosso povo. Posso até não concordar com o que dizem, mas vou lutar até o fim de minhas forças para defender o direito de todos dizerem o que pensam.
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, está sob uma intensa artilharia em virtude de problemas financeiros em que a prefeitura da Capital passa. Como prefeito ele deve ouvir as cobranças e saber que os problemas refletem em toda a população. Deve ter grandiosidade de espírito para reconhecer que a administração pública comete equívocos e que esses se traduzem em uma série de crises para a sociedade.
Nosso prefeito tem a galhardia de ouvir e buscar soluções dentro dos princípios democráticos e republicanos, tão caros para nós. Essa fidalguia presente em Paulo Garcia é raramente vista em homens públicos e somente mentes iluminadas conseguem conviver com a diversidade de opiniões e abstrair o que de melhor podem conter os pensamentos que a dialética permite construir. Chamo à fala minhas testemunhas: há quem não consiga conviver com críticas e recorre à Justiça com ações penais de calúnia, injúria e difamação e outras não menos danosas para a liberdade, de indenização por danos morais. Quem não tem argumentos para se defender usa da violência contida na judicialização da política para calar a voz de quem lhe faz oposição.
Pois uma horda de golpistas de primeira hora se habilitou a ser os recadeiros de quem não quer aparecer e apresentar uma moção de impedimento do prefeito. Um pedido para que seja impedido de administrar Goiânia foi encaminhado à Câmara Municipal, fórum competente para apreciar os assuntos relativos à municipalidade, inclusive aberrações desse tipo.
Estão usando os institutos mais sagrados da democracia para tentar perpetrar um golpe sujo, sórdido e rastejante contra um homem de bem e que merece o respeito de todos. A liberdade está estampada no direito de propor medidas ao Legislativo, isto é salutar e louvável. O respeito às instituições é fato consumado e precisamos todos lutar em sua defesa. Todavia, apresentar uma proposta de golpe para provocar uma celeuma e um factoide quando o momento exige união de forças para superar os problemas é inconcebível.
Paulo Garcia sabe, como poucos, que os problemas estruturais que assolam a quase totalidade das cidades brasileiras tem origem conhecida e já diagnosticada. Reside no acúmulo de obrigações que foram impostas aos municípios e na retirada sistemática de recursos da receita das cidades. O resultado é que os prefeitos precisam arcar com uma municipalização dos serviços de saúde sem que os recursos venham para isto. Precisam varrer e limpar a cidade sem que a sociedade dê sua contrapartida para isto. Precisam garantir educação com os parcos recursos que chegam. Só para constar com clareza é preciso dizer que Estados vizinhos e uma enormidade de cidades goianas mandam para Goiânia seus doentes para serem tratados pela saúde da Capital. O resultado é que Goiânia tem três vezes mais doentes inscritos no SUS do que tem de habitantes recenseados pelo IBGE.
Os golpistas que cometem a aberração mental de propor o afastamento do prefeito Paulo Garcia merecem nosso repúdio integral e um lugar de destaque no limbo para que as gerações vejam como não se deve portar uma pessoa de bem.
Paulo Garcia é um homem bom e bem intencionado. Sua formação humanista não permite que ele se insurja contra a liberdade de quem quiser se pronunciar, ainda que seja com críticas à sua administração. Como médico neurocirurgião ele é um homem centrado e que sabe ser necessário muita reflexão para tomar decisões.
Por isto, caro prefeito Paulo Garcia, fique tranquilo que aqui na Câmara Municipal serei seus arautos da liberdade com respeito e defensores da luta para fazer de Goiânia uma cidade sempre melhor para se viver.
(Paulo Borges, vereador em Goiânia – PMDB)
