O sucateamento da rede municipal de Saúde em Goiânia interessa apenas às empresas que oferecem serviços particulares de atendimento médico. Entre elas, a Unimed, cujo rol de ex-diretores-presidentes inclui – vejam só, que coincidência – o prefeito Paulo Garcia (PT).
No último domingo, o jornal O Popular informou que os Cais do Jardim América e Amendoeiras ficariam fechados este fim de semana por falta de médicos. O Cais do Jardim Novo Mundo, que tem grande demanda, também foi fechado porque não havia equipe médica suficiente (três médicos escalados para o plantão não compareceram na unidade).
As empresas que vendem planos de saúde, em especial a Unimed – que doaram R$ 100 mil para candidatura de Paulo à reeleição, em 2012. A prefeitura já ofereceu R$ 25 milhões em isenção de impostos à Unimed. É que, no final de 2010, o Paço enviou projeto à Câmara Municipal com propósito de diminuir de 5% para 2% a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) cobrado das cooperativas médicas e operadores de plano de saúde.
O projeto atendia pleito das cooperativas, que reclamavam de bi-tributação na cobrança do imposto. Com protestos da oposição, o projeto foi aprovado em janeiro de 2011. A oposição cobrava do prefeito projetos para diminuir também a alíquota do ISS para outras categorias de cooperativas, mas só o bloco da Unimed foi contemplado.
À época, Paulo Garcia (PT) justificou que o projeto era importante como ferramenta para desonerar da base de cálculo do faturamento das cooperativas, os serviços prestados pelos cooperados e credenciados (hospitais e demais prestadores de serviços de saúde) que já eram tributados pelo município quando da emissão da nota fiscal para recebimento junto à cooperativa.
As operadores de plano de saúde, alegando a cobrança duplicada dos tributos, haviam entrado na justiça suspendendo o lançamento do imposto e a posterior cobrança.
Paulo teve uma presença marcante na direção da Unimed Goiânia, a maior empresa de planos de saúde do Brasil. Entre 1994 e 1996, Paulo foi conselheiro técnico da entidade. Entre 1996 e 2002, foi diretor-presidente.