Leia texto publicado no Comunique-se Digital:
Crowdsourcing: O Futuro da Comunicação?
Por:Blog-se
Data:2/4/2013
Ricardo Augusto Lombardi é jornalista, e nos últimos 10 anos atua na área de Web como Consultor em Mídias Digitais e colaborou com esse post para o Comunique-se.
Vivemos uma nova era na comunicação. As plataformas de mídias sociais modificaram a forma como as informações são tratadas tanto no ambiente online quanto off-line. Quando as mídias ainda não eram assim tão sociais, o emissor tinha como única alternativa apenas enviar a informação para seus receptores e estes, recebiam o conteúdo, de forma passiva, e o guardava embaixo do braço.
Mas aí, as mídias tornaram-se sociais e os receptores da informação ganharam poderosas ferramentas para não só devolver ao emissor suas percepções e opiniões, mas também para contribuir com novos conteúdos gerados a partir de suas opiniões.
Isso se chama colaboração. Ou, um termo que surge, o crowdsourcing.
Se há uma área que saiu beneficiada com essa nova forma de fazer comunicação foi o jornalismo. Nunca se fez tanto jornalismo de verdade como na era da colaboração. Os blogs, por exemplo, que alguns insistem em afirmar, de forma equivocada que estão à beira da morte, são, na verdade, o mais puro jornalismo como nunca antes havia sido feito.
Hoje o papel do leitor ou do internauta-leitor mudou completamente. Assim como também mudou completamente a forma como as mídias estão, ou pelo menos deveriam estar, apresentando a informação. Cada vez mais cabe aos jornais, que de uma vez por todas, não vão morrer, apresentar ao seu leitor informações que completem o noticiário factual; hoje dominado pelos portais de notícias na Internet.
O leitor, que não é bobo nem nada, não abandonará a mídia impressa. Se há uma nova era da comunicação em pauta, há também uma mudança na cultura e no comportamento do leitor, que passou a acompanhar os principais fatos do dia na tela do computador para mais tarde, em casa, buscar mais informações na TV, nas revistas semanais ou ainda nos jornais do dia seguinte.
E se há um jornalismo colaborativo em que o leitor é o grande produtor de pautas, há também o reverso desse modelo, em que, os próprios veículos de comunicação passaram a colaborar uns com os outros na geração de conteúdo factual, just in time, como uma espécie de fermento para fazer o bolo do jornalismo interpretativo crescer.
E não há dúvida que a tecnologia é o grande facilitador desse processo de colaboração. Tá aí até hoje a Wikipedia, que nasceu a partir de uma ideia de processo colaborativo, amparada numa plataforma tecnológica que permite que qualquer pessoa, em qualquer região do planeta, possa dar a sua colaboração para enriquecer o conhecimento de forma gratuita.
Assim como o perfil “Ajude um Repórter” (@ajudeumreporter) no Twitter, em que os seguidores colaboram com os jornalistas na busca de fonte para suas pautas. Sem falar no The Guardian, que quebrou a barreira do som e deixou para trás a postura rígida de um veículo britânico para abrir todos os canais possíveis de intervenção do leitor na geração de novas pautas.
No jornalismo, o processo colaborativo é uma via de mão única e sem volta. Muitos veículos ainda não acordaram para essa nova realidade e por que não dizer, para essa nova oportunidade. Continuam oferecendo ao leitor as ferramentas básicas para o recebimento de seu feedback. Em muitos casos, sequer enviam respostas aos que agora são os grandes contribuintes para direcionar a linha editorial.
É preciso inspirar o leitor a reagir e compartilhar o conteúdo difundido. Os veículos devem fazer com que o leitor identifique uma relação pessoal com a notícia, ou seja, temos de gerar uma conexão direta da história que está sendo contada com o público receptor. Não basta apenas retransmitir o link da notícia no Twitter ou no Facebook e esperar pelas curtidas. O leitor quer mais do que isso e pode oferecer muito mais que um “joinha”.
E mais do que promover enquetes, abrir canais para sugestão de notícias e discussão de assuntos em áreas de relacionamento e compartilhar informações nas mídias sociais, os veículos precisam pensar no que antecede a composição da notícia.
E esse novo desafio, imposto pela nova era da comunicação, acaba de cair no colo do jornalista, o personagem principal de toda essa história, que será o único responsável capaz, daqui pra frente, de pensar, desenvolver, criar e promover a notícia como um link para a conexão com a vida pessoal do leitor.
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