Veja matéria da jornalista Loren Milhomem no jornal Hoje:
Ao não aceitar candidatura do empresário Júnior do Friboi, imposta pelas lideranças nacionais, ex-prefeito reafirma posição
Loren Milhomem
Em 05/05/2013, 00:58
As imposições enfrentadas pelo empresário Júnior do Friboi (PSB) para se filiar ao PMDB, sendo a principal delas a afirmação do ex-prefeito Iris Rezende de que não participará da grande festa programada pelo empresário para marcar chegada “vitoriosa” à casa peemedebista, são o primeiro sinal de que a oposição continua desarticulada como em 2009, ano anterior à disputa pela sucessão estadual. Como naquele ano, também não tem aproveitado o tempo para se unir e formar as bases para 2014, e se esbarra constantemente em discursos destoantes. A única confirmação no cenário oposicionista PMDB/PT é que o dono da casa, Iris Rezende, ainda é quem decide pela entrada e permanência dos hóspedes.
A reação de Iris em face da chegada de Friboi é um claro indicador de que a maior liderança da sigla continua a definir os caminhos que serão percorridos e não abrirá mão de sua condição de norte partidário, capaz de levar a legenda (nas eleições) para onde quiser. Nem mesmo as imposições da presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Lula (PT) de consolidar a candidatura de Friboi pela aliança, a fim de fragilizar o PSB, impedindo palanque para o possível adversário à Presidência, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, amedrontam ou abalam as decisões de Iris. Friboi teria até cogitado desistir do PMDB, mas não teve outro caminho, já que permanecer no PSB tornou-se inviável.
Iris, inclusive, já tratou de dar o recado: não vai aceitar imposições nem articulações vindas de Brasília, e tem se incomodado fortemente com as andanças de Friboi na capital federal nesse sentido. A oposição, ainda que não tenha conseguido falar em tom uníssono, espalha a mesma mensagem protocolada por Iris: Friboi não tem garantias de disputar a sucessão estadual, e entra no partido apenas como mais um soldado do líder peemedebista. Sob o comando de Iris, o PMDB e até mesmo PT semantêm tímidos quanto ao levantamento de outros nomes, justamente por entender que a palavra final é dele.
Além de deixar claro que o partido testará Friboi, Iris ainda não abriu mão de tentar alcançar o governo do Estado pela terceira vez. Ao mesmo tempo em que se mantém resguardado do cenário político, tem aproveitado o tempo para observar as fragilidades do governo do Estado e preparar o discurso para o próximo ano. Ter a deputada federal Iris Araújo como a mais votada da legenda é mais um fator que atesta o fortalecimento da liderança e do “caciquismo” de Iris.
Ainda que tenha aberto espaço para o PT com a promessa de casamento, o PMDB não abrirá mão da cabeça de chapa, que, se não for a de Iris, será a de uma liderança em quem o peemedebista acredita na chance de vitória. A incerteza da oposição quanto ao nome e, antes disso, quanto a ter alguém dentro do partido preparado para ganhar a disputa evidencia que o calejado líder, além de ainda comandar sua base, não preparou quem desempenhasse sua imagem de liderança, nem mesmo acredita que haja alguém com tal capacidade. Se Friboi será o nome que representará a legenda, o caminho deve ser construído o quanto antes. Mas, antes de partir para o embate, terá de convencer Iris que, aos poucos, tem demonstrado que as provações serão, no mínimo, penosas.