No passado remoto, o secretário de Comunicação da prefeitura de Goiânia, Edmilson Santos, tinha uma paixão irrefreável por botecos de copo sujo.
Acompanhado de bons amigos, como Renato Monteiro e Sandro di Lima, Edmilson alternava goles de cerveja com ataques verbais a políticos. Edmilson nunca gostou de políticos, independente do partido aos quais eles pertencessem. Batia em todos sem dó e flertava com a tese de que a anarquia talvez fosse a melhor solução à bandalheira desenfreada que reina no Brasil.
Edmilson mudou muito. Apesar da vasta cabeleira, que preserva desde a juventude, o velho jornalista (com todo o respeito à sua idade) não embarca mais nos arroubos anarquistas do passado. Incorporou-se ao stabilishment e passou a defendê- lo com eficiência de dar inveja. Não deixou de apontar o dedo para os outros porque ainda guarda traços da arrogância típica dos jovens, mas vai trocando, aos poucos, o posto de acusador pelo de réu.
Na prefeitura, Edmilson vive os melhores dias da sua vida. Nada sinaliza que o secretário esteja a somatizar a montanha de problemas que enfrenta o seu chefe, Paulo Garcia. Prova disso é a foto que o flagrou às gargalhadas na Câmara Municipal enquanto arrancavam o couro do prefeito na prestação quadrimestral de contas, na quinta-feira.
Edmilson está rindo nas fotos enquanto o pau quebrava debaixo do seu nariz. Ouvia algo muito engraçado do sempre debochado Renato Monteiro, amigo dos tempos do copo sujo. Mas eles estão rindo de quê?
Ora, isso não importa.
O que importa é que Edmilson não tem motivos para viver de cara amarrada, como no passado. Em março, ele viajou por conta da prefeitura para Miami e para o Panamá na companhia de Paulo Garcia, para participar de um tal congresso para desenvolvimento da América. Balela, que congresso que nada. Foram mesmo é se desligar da barafunda que se tornou Goiânia desde que PT e PMDB desembarcaram no Paço Municipal.
Edmilson mudou tanto que ele sequer hesitou em postar as fotos da viagem – frise-se: paga com dinheiro público – na sua conta no Instagram. Até registros fotográficos de uma boate panamenha ele publicou. E quem viaja a trabalho tem tempo de encher a cara na boate?
Em uma das fotos, a legenda foi: “vamos passear pelo Panamá?”
O secretário mudou muito, e infelizmente muitos de nós não evoluímos com o tempo, como os vinhos. Alguns viram vinagre.
O ex-Edmilson jamais se exporia no Twitter para bater boca com um promotor de Justiça e sair em defesa de um prefeito que permite que mais de 60 marajás recebam supersalários.
O ex-Edmilson já teria bradado contra a corrupção e proposto um brinde, num copo sujo, a Renato e Sandro di Lima em memória à luta de Bakunin e Malatesta.
Paciência. O ex-Edmilson se foi. Ficou o secretário Edmilson.