Acossado pela cobertura em tempo real das redes de TV e pela comunicação acelerada via internet, o jornal diário perdeu o bonde da história e se distancia cada vez mais do dinamismo da vida moderna.
Exemplo gritante é a edição deste domingo de O Popular.
É tudo velho. Você compra nas bancas ou recebe em casa, pagando caro por uma assinatura (mas leva um eletrodoméstico valioso de brinde, não se esqueça) e se depara com tudo o que você já sabia à exaustão sobre os fatos, lógico, do dia anterior.
Em O Popular, neste domingo, até o tradicional e moralmente indignado artigo da editora-chefe Cileide Alves derrapa no tempo e aborda fatos acontecimentos há mais de uma semana – uma ameaça de manifestação dentro de um shopping, em Goiânia, no dia 9 último, e uma entrevista de um psicanalista a uma revista, em junho.
Isso, na semana em que os bandidos do mensalão foram presos, protagonizando um dos episódios políticos de maior importância dos mais de 500 anos de história do Brasil.
Cileide, madurona, parte de fatos antigos, já superados, para se arvorar em intérprete dos anseios da juventude e decreta, revoltada, que as crianças de hoje “vivem aprisionadas em seus quartos” – afirmação que não tem a mínima comprovação nem poderia ter, já que se trata de um aspecto da vida privada das famílias brasileiras.