Embora os controladores do Grupo Jaime Câmara sempre se digam a favor da livre iniciativa e do Estado de Direito, a exemplo dos grandes grupos de mídia do país, o jornal O Popular e a TV Anhanguera sempre assumiram uma postura, digamos assim, sindicalista e pró-corporativismo quando o assunto é greve no serviço público.
Geralmente, os veículos do GJC ignoram as circunstâncias específicas de cada movimento grevistas, como, por exemplo, a capacidade dos Governos para atender as demandas, e defendem as categorias como se elas e suas reivindicações tivessem uma justificativa divina e uma superioridade moral inata.
No caso da TV Anhanguera, é preciso reconhecer a substituição de Luiz Fernando Rocha Lima por Orlando Loureiro como diretor de jornalismo trouxe mudanças e corrigiu os sinais das coberturas de movimentos grevistas, que passaram a ser vistos de forma mais crítica (como se viu na cobertura da última greve da Educação municipal).
No caso de O Popular, o jornal continua tendo Luiz Fernando como seu diretor editorial, fortemente identificado com o apoio histórico e automático o jornal aos movimentos sindicais. Mas, surpreendentemente o ponto de vista adotado por O Popular na cobertura da paralisação dos policiais civis mudou e não é mais 100% a favor. Aliás, pela primeira vez, o jornal está se posicionando com dureza contra uma categoria de servidores públicos em greve – nesta quarta-feira, foi publicado o segundo editorial, em uma semana, verberando a condução e os excessos do movimento grevista da turma da segurança pública.
Na redação de O Popular, inúmeros profissionais complementam sua renda trabalhando como assessores de imprensa para entidades que vão desde entes do Poder Público até instituições classistas e representativas, principalmente de trabalhadores. Consta que esse seria um dos fatores que, até agora, inclinavam a opinião do jornal a favor de quaisquer greves no setor público.
Outro fator é o estilo “jornalismo de protesto”, inventado pelas cabeças que dirigem a redação de O Popular. Eles demonizaram a classe política e atribuem aos políticos todos os males sobre a face da terra, que são o alvo permanente dos textos opinativos do jornal reclamando da sua atuação. Como, geralmente, os grevistas de qualquer categoria enfrentam os políticos que são governantes, não é difícil advinhar para quem vai a simpatia dos profissionais de imprensa da Serrinha.
Uma novidade é indiscutível: O Popular está contra o movimento grevista dos policiais civis. Alguma coisa mudou.