Veja o artigo do jornalista Pablo Kossa publicado no site A Redação:
Acabar com o Ganha Tempo é retrocesso
Integração é essencial para serviço decente
Não é possível que Goiânia viverá para sempre essa história de um passo a frente e dois para trás. O inegável avanço que o Ganha Tempo proporcionou ao facilitar a integração para o usuário dentro do prazo de duas horas e meia corre risco de acabar. Tomara que a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos da Região Metropolitana de Goiânia tome a decisão correta e defenda o interesse dos usuários perante o das empresas. Não tenho convicção de que essa torcida valerá de algo, mas é bom deixar claro que existe um lado de fim público a seguir. Nem que seja para constranger os que estão com a faca e o queijo nas mãos.
O prefeito Paulo Garcia deu uma de Pôncio Pilatos e lavou as mãos. Passou a resposta final para o coletivo. Mas já reconheceu que o pleito do término por parte da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) é justo. Não é justo. E trará resultados péssimos, sendo mais um incentivo para que mais motos e carros entupam as vias de nossa cidade. O prefeito não deveria ter dito isso.
Como falou, já mostrou que cedeu à pressão e agora quer dividir o desgaste com mais gente. Paulo sabe das coisas e tem consciência que não existe transporte urbano decente sem uma aprimorada política de integração. É preciso facilitar ao máximo para que o usuário deixe o carro em casa e encare o transporte coletivo. Este deve ser mais rápido, mais barato e mais confortável que o veículo individual. Sem ter isso como meta, qualquer outra medida é perfumaria.
Em uma luta abismal como a que o Brasil enfrenta para que o carro deixe de ser tratado como uma divindade, o desserviço de acabar com o Ganha Tempo é enorme. Agindo assim, o prefeito se mostra comprometido com o atraso. É inaceitável. É condenar o futuro de Goiânia. É jogar junto de quem sempre ganhou com a má qualidade histórica do serviço de transporte coletivo em nossa cidade. Sei que Paulo não quer essa mancha em seu currículo.
Pois então que encare a briga e banque o benefício. Descer de um ônibus e embarcar noutro em seguida com a mesma passagem é sinal de que a cidade oferece serviços atrativos para quem opta pelo ônibus. As empresas do transporte coletivo alegam que estão em dificuldade financeira. Tenho minhas dúvidas. Na boa, quem está sem grana não compra VLT. Vamos esperar e ver o que decidem sobre o Ganha Tempo.
Se optarem pela permanência, demonstrarão que estão compromissados com um transporte público digno em nossa região metropolitana. Se escolherem o fim do serviço, deixarão claro que são marionetes comandados pelas empresas. E não vão reclamar depois de protestos que certamente virão…