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Cúpula do PT planeja rifar a candidatura de Gomide em Goiás para agradar ao PMDB

Matéria do jornal Estado de S. Paulo revela que cúpula do PT nacional planeja rifar candidatura de Antônio Gomide para agradar ao PMDB, que ameaça romper com a presidente Dilma Rousseff.

Leia:

Grupo no PT defende reduzir candidaturas para acalmar PMDB

Ideia é evitar lançamento de nomes próprios em Goiás, Paraíba, Tocantins Rio Grande do Norte e Santa Catarina

10 de março de 2014 | 2h 03

Ricardo Galhardo – O Estado de S.Paulo

Setores da cúpula petista manobram para desestimular candidaturas próprias nos Estados em favor de partidos aliados e, assim, fortalecer a coligação em torno da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, especialmente com o PMDB.

Entre as medidas sugeridas por esse grupo está a obrigatoriedade de alianças sólidas como pré-requisito para candidaturas próprias. A ideia desses petistas também é que a direção nacional se manifeste de forma explícita sobre a situação em cada uma das 27 unidades da federação como forma de orientar os diretórios estaduais.

No alvo estão pelo menos cinco Estados onde as direções locais defendem candidaturas próprias: Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. O principal beneficiado é o PMDB, partido que ameaça rachar a aliança com Dilma e poderia ficar com a “herança” petista em Goiás, Paraíba, Santa Catarina e Tocantins.

Levantamento elaborado pela direção petista, ao qual o Estado teve acesso, mostra que o partido tem hoje 11 candidaturas consolidadas a governador no Acre, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo. Em outros oito estados o partido está em processo avançado para apoiar aliados. Há negociação com o PMDB em Alagoas, no Amazonas, no Maranhão, no Mato Grosso, no Pará e em Sergipe. No Ceará, o objetivo é apoiar o nome do PROS e em Pernambuco, do PTB. No Espírito Santo e no Amapá, o PT deve ficar com o PSB, cujo pré-candidato a presidente é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Os líderes petistas que defendem a redução das candidaturas próprias querem encaminhar as propostas na próxima reunião do diretório nacional do partido marcada para os dias 20 e 21 de março, em Brasília.

“A prioridade do PT é a reeleição da Dilma. O cálculo para consolidarmos as candidaturas próprias têm que levar em conta as pesquisas, palanques para Dilma e fundamentalmente política de alianças. Se não atender esses requisitos é melhor fortalecermos a relação com aliados como o PMDB e o PSD. Essas decisões não podem ficar a cargo de cada estado”, defende o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).

Resoluções recentes aprovadas pelo diretório nacional petista conferem à cúpula do partido poderes para decretar a palavra final e, se for o caso, intervir na estratégia política dos Estados. No entanto, para evitar traumas e fissuras, integrantes da direção nacional defendem que a cúpula explicite suas posições de modo a desestimular algumas candidaturas próprias.

“Tem um movimento por candidaturas próprias em vários estados onde poderíamos abrir espaços para ajustar a aliança nacional. A executiva nacional deveria fazer uma leitura Estado por Estado e tornar pública sua posição política em cada um deles”, diz o secretário nacional de Organização, Florisvaldo Souza.

Em 2010, o PMDB teve apoio do PT em sete Estados. Este ano as negociações caminham bem em seis. Com a manobra da cúpula nacional, o número pode chegar a 10, enfraquecendo o discurso da ala rebelde peemedebista.

A cúpula petista tem as contas na ponta da língua. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, não cansa de repetir que o PMDB apoia candidatos petistas, por enquanto, em apenas dois estados, Distrito Federal e Minas Gerais. Na sexta-feira passada, durante café da manhã oferecido pela agência de notícias espanhola EFE, Falcão, lembrou que o PMDB deve ficar contra Dilma na Bahia e Pernambuco.

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