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Atrasos de ônibus já afetam a produtividade das empresas, diz reportagem de O Popular

Veja reportagem de O Popular:

Transporte público

Atrasos de ônibus já afetam a produtividade das empresas

Em algumas delas, até 40% dos empregados chegam atrasados diariamente ao trabalho

Lúcia Monteiro 12 de março de 2014 (quarta-feira)
Os problemas decorrentes da má-qualidade do transporte público na Grande Goiânia já começaram a afetar a produtividade das empresas e a economia de forma geral. Em algumas, o índice de atraso diário de funcionários chega a 40% e empresas até já mudaram o horário de entrada dos funcionários para o tempo gasto no deslocamento.

Empregados chegam a ameaçar os patrões de exigirem na Justiça que esse tempo seja considerado como parte da jornada diária de trabalho.

Problema sério

O problema é maior nas empresas que utilizam mão de obra mais operacional. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado (Seac) e proprietário da Limp-Vap Higiene, Esterilização e Limpeza, Edgar Segato, o problema do transporte coletivo já é muito sério.

“A guerra financeira do governo com as empresas permissionárias está reduzindo o quantitativo de ônibus e fazendo o trabalhador dobrar o tempo de deslocamento”, alerta o empresário.

A empresa conta com 600 funcionários e o índice diário de atrasos já oscila entre 30% e 40%. Ele conta que alguns trabalhadores estão buscando advogados na tentativa de recorrerem à Justiça para pedir que o tempo de deslocamento seja contado como parte da carga horária de 8 horas. Edgar acredita que as empresas que usam mão de obra feminina sejam as mais prejudicadas, pois as mulheres geralmente deixam filhos pequenos em casa e não podem perder tanto tempo no trajeto de ida e volta do trabalho.

Acidentes

Além dos atrasos, as empresas também são prejudicadas pelo grande número de acidentes durante o descolamento no transporte público. Edgar conta que já teve funcionários que quebraram a perna por terem caído de ônibus lotados e ficaram muito tempo afastados. Vale lembrar que isso é considerado acidente de trabalho. “Sempre sou obrigado a fazer reposição de trabalhadores nas empresas para as quais presto serviço”, o que gera muito prejuízo”, diz.

Muitos funcionários também chegam ao trabalho com o uniforme molhado porque no ponto de ônibus não há cobertura contra chuva. “Há empresas que, dependendo do dia, chegam a ter mais de 50% de atrasos ou faltas e nem conseguem fazer toda reposição nas empresas clientes”.

A auxiliar de Departamento Pessoal Lauremir Pereira dos Santos mora no Setor Madre Germana 2 e trabalha na Vila Brasília. Por isso, precisa pegar quatro ônibus para chegar ao trabalho, pois precisa passar por três terminais. Ela conta que, todos os dias, sai de casa às 5h30 e, mesmo assim, não conseguia chegar ao trabalho às 7h30. Para que ela não desistisse do emprego, a empresa mudou seu horário de entrada para as 8 horas.

“O ônibus demora muito para passar e anda sempre cheio. Muitas vezes, temos de esperar o próximo para conseguir entrar”, lembra. Se houver algum problema como um acidente ou uma confusão em um dos terminais, a viagem fica ainda mais demorada. “Na empresa onde trabalho, muita gente já pediu demissão porque nunca conseguia chegar a tempo no trabalho”, destaca.

Prejuízos

O assessor executivo do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Nelson Aníbal, informa que a reclamação sobre atrasos também é recorrente entre empresas do setor. Segundo ele, os problemas com o transporte público trazem prejuízos financeiros para as empresas, com a queda de produtividade, uma vez que o trabalhador já chega cansado ao trabalho, e também para os funcionários, quando eles têm o ponto cortado pela empresa.

Nelson teme que, se a reclamação se tornar generalizada, as horas de deslocamento com o transporte público acabem se incorporando à jornada diária através de uma nova regra trabalhista, o que seria um caos. “Quando o governo não consegue resolver um problema, acaba jogando isso para as empresas em forma de mais custos.”

Faltas

Para o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), José Evaristo dos Santos, os lojistas já contabilizam dois tipos de prejuízo por conta da má-qualidade do transporte público: os atrasos e faltas dos funcionários e a queda nas vendas. Isso porque muita gente acaba desistindo de pegar ônibus para comprar. “A pessoa sabe que terá dificuldade para ir e chegar e evita sair”.

Segundo Evaristo, o lojista reclama, mas acaba relevando os atrasos porque já sabe da situação do transporte pela mídia. Para ele, a saída para o problema pode estar na ampliação do BRT, que só existe nos 13 quilômetros da Avenida Anhanguera e é eficiente, para outras grandes vias de circulação. O próprio Eixo Anhanguera, na opinião de Evaristo, poderia ser estendido até Trindade no lado Oeste e até Senador Canedo, na Região Leste.

 

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