Um dos personagens envolvidos no esquema milionário de corrupção na Comurg, ora investigado pelo Ministério Público do Estado, é o chefe de gabinete do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Municipal (Sedem), João de Paiva Ribeiro.
João de Paiva, ao que tudo indica, não era apenas mais uma peça na intricada engrenagem que teria desviado milhões de reais da prefeitura de Goiânia. Há indícios que ele era protagonista no grupo.
Depois de uma ampla investigação conduzida pelo MP, constatou-se que João de Paiva é o controlador de três empresas habituadas a participar de certames na Comurg: a Mape, a Copese e a CCM, em que pese o ex-secretário alegar que não é mais sócio dessas firmas. Infringiu, assim, o artigo 9° da lei 8.666, que proíbe a participação, “direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: (…) III – servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.”
Mas tem irregularidade muito mais cabeluda no processo.
João de Paiva seria o proprietário de uma empresa chamada CCM – Comércio de Peças Ltda., acostumada a vencer licitações supostamente fraudadas mediante prévio ajuste de preços junto a concorrentes “laranjas” (Cosepe, Mape, Triunfo Distribuidora e Stillo Comércio e Representações Ltda.), e a se beneficiar com dispensa de licitação em contratos com preços superfaturados – definidos com base em consultas a empresas também “laranjas”.
Para consumação das fraudes, João de Paiva contava – segundo o MP – com a ajuda em boa hora do presidente da Comurg, Luciano de Castro, e de dois diretores da companhia, Otomilton Pereira Pignata e Albertino Simão Borges.
A Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Derccap) apurou que as empresas CCM, Cosepe e Mape, embora supostamente concorrentes em incontáveis licitações públicas da Comurg, funcionavam em um único imóvel, cujo proprietário é João Marcelo Passaglia Ribeiro, filho de João de Paiva.
Que coisa, meu povo…
