Bastaram duas ocasiões, nas quais Iris Rezende discursou, neste início de campanha, para que uma certeza saltasse: a comunicação pessoal do velho cacique peeemedebista está envelhecida e é superada, constituindo-se na maior barreira para ele, nas eleições deste ano.
Iris falou por pouco mais de meia hora na convenção do PMDB. Em seguida, em um evento para apresentar o plano de Governo do partido, falou de novo, dessa vez, a la Fidel Castro, por quase duas horas.
Nos dois discursos, a mesma conclusão: Iris é um homem do século passado, sem nenhuma noção de modernidade e sentimentalmente afeito à nostalgia dos anos em que administrou Goiânia, na década de 60, e o próprio Estado, na década de 80.
Também nos dois pronunciamentos, Iris se apegou à promessa de reeditar os mutirões, uma prática demagógica que não gera resultados para sociedade, a quem os governantes devem oferecer, isso sim, políticas públicas de caráter permanente e continuado. Os jornalistas que cobriram o evento saíram, por unanimidade, com essa impressão.
A visão de mundo de Iris, revelada, ou melhor, confirmada nesses dois discursos, parte da presença de um líder messiânico, nomeado por Deus para guiar os homens na base do seu instinto pessoal. Exatamente o que, hoje, a sociedade rejeita, reclamando mecanismos coletivos de participação – o foco, aliás, da onda de protestos do ano passado.
Não atoa, a coluna Giro, de O Popular, registra nesta quarta-feira que, após os dois discursos, surgiram no PMDB insatisfações e preocupações com o tom e o conteúdo adotado por Iris, que remete à antiguidade política e administrativa do Estado e não ao futuro de um Goiás dinâmico, industrializado e conectado com as novas ferramentas da tecnologia.