Em sua conta no Twitter, aparentemente incomodada com a divulgação de que está de mudança para um apartamento duplex de 500 metros quadrados, no valor de R$ 2,5 milhões de reais, a deputada federal dona Iris Araújo proclama que ela e seu marido Iris Rezende são pessoas de hábitos simples, que comem leitoa à pururuca, servem café e pão de queijo às visitas e “jamais tomam vinhos caros”.
Duas taças de vinho, brindando, aliás, são o símbolo do prédio Chateau Bougaimville (na página da construtora EBM, na internet), onde o casal Iris comprou o seu fabuloso duplex.
Olha a tuitada dela: “Nada contra, mas vinhos caríssimos , foie gras e caviar não fazem parte do nosso cardápio. Leitoinha a pururuca sim. Já até me queimei por isso”.
Mas, a deputada não está falando a verdade. Ela gosta de vinhos caros, sim. E de comida cara também. E mais ainda: pagos com dinheiro público. No portal da Câmara Federal na internet, em prestação de contas apresentada pela própria dona Iris, constam despesas realizadas em lojas gourmet e de vinhos, no Rio de Janeiro, que foram ressarcidas a ela por conta da verba indenizatória dos parlamentares federais.
No mês de junho de 2011, por exemplo, dona Iris apresentou nota de R$ 153 referente a compras em uma loja chamada Wine Ipanema, do Rio de Janeiro, especializada em vinhos finos. Se o cliente quiser degustar as garrafas lá mesmo, a Wine Ipanema também oferece a alternativa – só não dá pra saber se foi o caso dos vinhos comprados pela deputada.
Quanto ao foie gras e o caviar – acepipes caríssimos –, as lojas que os fornecem são conhecidas como estabelecimentos gourmets. Nas prestações de contas de dona Iris, há dezenas de notas referentes a esse tipo de comércio, principalmente no Rio de Janeiro, mas também em Goiânia – como o Empório Piquiras, por exemplo.
Sem falar nas dezenas de notas referentes a restaurantes luxuosos, onde um prato pode chegar a até R$ 150, como o Figueira Rubayat, de São Paulo, um dos melhores do Brasil.
Está tudo lá, nas prestações de contas da verba indenizatória de dona Iris – tudo pago com dinheiro do povo.
Bem que, na tuitada, a deputada deixou bem claro: “Nada contra vinhos caríssimos…”.
Nada contra. Principalmente quando são custeados com dinheiro público.