sexta-feira , 26 abril 2024
Goiânia

Jornal A Rede denuncia: Sem licitação, Comurg aluga maquinário por R$ 1,7 milhão

Veja matéria do jonal A Rede:

Sem licitação, Comurg aluga maquinário por R$ 1,7 mi

Empresa pública mais uma vez se ampara no argumento da urgência para alugar 12 pás carregadeiras pelo valor equivalente ao de oito máquinas iguais

Carla Monteiro
Rádio 730 e Portal 730

Há dois meses a Companhia de Urbanização de Engenharia de Goiânia (Comurg) aumentou em 28% o número de pás carregadeiras com retroescavadeiras de pneus, totalizando uma frota de 54 veículos. O crescimento é resultante do contrato de arrendamento com a Locagyn Máquinas e Equipamentos, assinado no último dia 13 de setembro. A empresa pagará, em seis meses, R$ 1.720.145,45 pelo aluguel de 12 pás carregadeiras com retroescavadeira, marca JCB. Um custo mensal de R$ 143.345,46.

Para firmar o acordo, a estatal não apenas desconheceu a lei de licitação, mas se escudou no habitual subterfúgio da urgência, justificando ter uma infraestrutura insuficiente e uma demanda social extraordinária. A legitimação definitiva se deu ao revelar que a licitação, que poderia sanar o problema, estaria suspensa. Mas o processo de suspenção chama atenção.

O certame faz parte de uma megalicitação que vai recompor a frota de três órgãos da administração municipal (Comurg e secretarias de Obras e Assistência Social), por um valor de R$ 1.127.359.550,40. O processo terá validade de 48 meses, podendo ser prorrogado por mais um ano. Um valor global que representa cerca de 14% da receita anual da Prefeitura de Goiânia, que este ano foi de R$ 2,118 bilhões. Os produtos, divididos em 13 lotes, serão registrados, inicialmente, na Secretaria Municipal de Administração (Semad), responsável pela licitação, na modalidade pregão presencial. Finalizado no último dia 14 de novembro, o certame deverá ser homologado na primeira semana de dezembro, ratificando, assim, o contrato com três empresas – LigMóbile, Ita e Tecpav (leia quadro).

Interrupção de pregão é justificativa para aluguel

As firmas prestarão serviços de locação de caminhões, veículos utilitários, motocicletas, ônibus, equipamentos, com motoristas/operadores, rádios e serviço de gerenciamento de frota. O pregão, entretanto, esteve suspenso entre 22 de maio e 6 de novembro, por força de uma liminar concedida pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), depois da denúncia da Fóssil Saneamento.

A interrupção do processo foi um dos cinco argumentos apresentados pela Comurg para efetivar – sem licitação – o aluguel de 12 pás carregadeiras com retroescavadeiras coma Locagyn. Emsíntese, a denúncia sugeria vícios de legalidade, questionando, por exemplo, a ausência de orçamento estimado em planilhas e preços unitários dos serviços.
O curioso é que no dia 23 de maio, oito dias após denunciar o certame ao TCM/GO, solicitando sua imediata suspensão, a Fóssil Saneamento, por intermédio da Procuradoria Geral do Município (PGM), voltou atrás e, sem se justificar, desistiu de apontar ilicitude no edital de licitação. A manobra para caçar a cautelar, concedida no dia 22, não foi acatada pelo tribunal, que enviou a matéria para a sua Secretaria de Licitações e Contratos.

Este departamento, em 3 de junho, considerou como inócuas as denúncias da Fóssil Saneamento e recomendou o prosseguimento do pregão. Uma semana mais tarde, a Procuradoria de Contas do Tribuque anulasse o certame, diante de inúmeras impropriedades contidas no procedimento.

Prefeitura planejava gastar 90% a mais em 2013

Entre as inadequações estaria o valor total da licitação. De acordo com o Ministério Público de Contas, os gastos como pagamento de produtos semelhantes em2012 não tinha superado a casa dos R$ 34 milhões. O que significava dizer que a Prefeitura de Goiânia gastou apenas 10% em 2012 do que pretenderia gastar em 2013 coma sua frota. A avaliação acabou sendo derrubada pela Secretaria de Licitações e Contratos. No último dia 6 de novembro, o Pleno do TCM não apenas caçou a cautelar, como considerou improcedentes as denúncias.

De acordo coma Comurg, a opção por alugar e não adquirir o maquinário se deve ao alto custo na compra do equipamento (na Locagyn cada veículo custa R$ 295 mil). No contrato com a Locagyn, cada pá carregadeira com retroescavadeira de pneus custará ao contribuinte R$ 23.890,91 por mês. Considerando a despesa mensal como pagamento da locação, R$ 143.345,46, a estatal poderia ser dona dos 12 veículos em um ano. Bastaria, por exemplo, comprar na Navesa, onde a marca Massey Ferguson é comercializada por R$ 210 mil cada.

A empresa municipal adiantou, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que o número ideal desse tipo de veículo seria de 90. Entretanto não há recursos para custear esta frota, assim como inexiste um quadro funcional capaz de operar todos os veículos. A estatal ressalta, porém, que apesar de não ser ideal, a atual frota é capaz de atender de maneira aceitável a demanda goianiense.

De acordo com o site da Comurg, atualmente a empresa atua na limpeza urbana dos logradouros públicos, coleta do lixo doméstico, coleta do lixo hospitalar, administração do aterro sanitário de Goiânia, execução do programa de coleta seletiva, construção e manutenção de praças e parques, troca de lâmpadas e execução de diversos programas de iluminação pública. O equipamento alugado será utilizado na execução diária dos trabalhos de remoção de entulhos, galhos, lixo, retiradas e reposição de terra dentro de praças e outros locais.

Operando há 16 anos no mercado, a Locagyn, que é de propriedade de Geraldo Lúcio da Silva Girundi, é considerada uma das maiores no segmento de locação de maquinário, equipamentos para construção e escoramento.

MP investiga aluguel de veículos pela prefeitura

Para o titular da 89ª Promotoria de Justiça de Goiânia, com atuação na defesa do patrimônio público, promotor de Justiça Fernando Krebs, que investiga outros contratos para locação de veículos pela Comurg, supostamente lesivos ao erário municipal, aparentemente há uma ausência de planejamento nas aquisições e compras de maquinário.
Ele explica que quando acontece algum problema com o processo licitatório, o dirigente público tem a opção de realizar uma compra direta do produto demandado. Ao não fazê-lo, há uma opção por prorrogar um contrato de locação em vigor ou buscar um novo contrato, o que tende a se configurar em um ato antieconômico, resultando em prejuízo ao erário.

O promotor Krebs adianta que, em se constatando ações lesivas, os dirigentes da Comurg podem responder por improbidade administrativa. A estatal municipal, por sua vez, afirmou estar à disposição do Ministério Público para necessários esclarecimentos.

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