A estratégia do deputado Ronaldo Caiado para dar o troco no vice-governador José Eliton, indicado por ele para o cargo, mas hoje totalmente ligado ao governador Marconi Perillo, ficou clara em declarações que ele, Caiado, deu nesta segunda-feira ao repórter Charles Daniel, do diário O Hoje.
Segundo o repórter, “cautelosamente”, Caiado faz questão de deixar bem claro que “ninguém vai expulsar José Eliton do DEM”. Em seguida, Caiado elogia o vice-governador e diz que “ele é homem de confiança do partido, que o indicou para o cargo”. Não haveria motivo para alguém, no DEM, alimentar algum tipo de descontentamento com José Eliton, prossegue o deputado ruralista.
Mas, para quem sabe ler, um pingo é letra. Fica claro que Caiado, ao elogiar o vice e até ressaltar que o partido confia nele, não quer dar motivo para que José Eliton venha a mudar de partido alegando falta de ambiente ou perseguição por parte do DEM.
Eliton é advogado militante justamente em Direito Eleitoral e a ele bastaria um fiapo para que viesse a tecer um bom arrazoado para justificar a sua mudança de partido. Caiado, que não é principiante em política, não vai dar nenhum motivo e, se quiser, o vice-governador vai ter de ser arriscar buscando outra legenda – e ainda existe controvérsia sobre se um vice-governador, por se tratar de mandato executivo, perderia o mandato ao mudar de partido ou se essa punição só recairia sobre mandatos parlamentares.
Se sair do DEM, o bicho pega (o partido iria à Justiça propugnar a perda do seu mandato), se ficar no DEM o bicho come (para a próxima eleição, o partido ou não se coliga com o PSDB ou, mesmo coligando, não indica José Eliton, que não tem nenhum tipo de controle sobre a agremiação).
O vice-governador está numa sinuca de bico. E a vingança de Caiado, que se considera traído nessa estória toda, vai se consumando.