A informação não poderia ser pior, no momento em que a terceira via em Goiás tenta se estabelecer como uma extensão do projeto nacional de Eduardo Campos. A revista Época, desta semana, traz reportagem em que revela estar o governador de Pernambuco propenso a recuar de sua candidatura à presidência da República em 2014.
Se isso acontecer, Vanderlan Cardoso (PSB) e Ronaldo Caiado (DEM) perdem o principal esteio do projeto de quebrar a polarização entre PSDB e PMDB em Goiás.
Veja a reportagem completa:
O inverno de Eduardo Campos
O governador de Pernambuco recua no tabuleiro político das candidaturas à Presidência da República no ano que vem
ALBERTO BOMBIG
Após um animado verão, a pré-candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está hibernada para enfrentar um inverno que pode ser longo e tenebroso. Até os maiores entusiastas da empreitada, como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e os deputados federais Márcio França (PSB-SP) e Beto Albuquerque (PSB-RS), têm se mostrado, em conversas reservadas, preocupados com o recuo tático de Campos.
Nas palavras de um importante senador que conversou recentemente com Jarbas, “Eduardo Campos sentiu os efeitos da realpolitik do PT”. Segundo esse mesmo senador, Jarbas teria dito que, neste momento, Campos está mais propenso a não se candidatar.
Ainda de acordo com esse relato de Jarbas, Campos vem sendo muito pressionado pelos petistas e por parte de seus colegas de partido a abrir mão da candidatura em 2014 para não “enfraquecer o projeto político do PSB”. Segundo a coluna de Felipe Patury, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal arquiteto da estratégia para sufocar o projeto eleitoral do governador.
A lógica propalada pelo ex-presidente para dividir os socialistas é simples: se a aliança PT-PSB for desfeita (os dois partidos estão juntos no governo Dilma assim como estiveram na eleição de 2010) a bancada do PSB irá diminuir de maneira drástica, o que deixaria muitos dos atuais parlamentares socialistas sem carga a partir de 2015.
Esse mesmo discurso encontra eco em governadores do PSB, como Cid Gomes (CE), e no ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), que recentemente defendeu em evento público a reeleição de Dilma e a manutenção da aliança. No flanco administrativo, o governado federal ameaça cortar verbas de Pernambuco e reduzir a importância e a quantidade de cargos dos socialistas na máquina federal.
Sem esses apoios e essa estrutura, fundamental para a montagem de alianças regionais, Campos teria de enfrentar a base de seu próprio partido para lançar sua candidatura, o que, no jargão da política, o transformaria em “candidato dele mesmo”, não de um grupo ou de um projeto político.
Conforme os cálculos do governo e da oposição, a candidatura de Campos teria peso decisivo para levar a eleição para um segundo turno, já que, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff (PT) segue tranquila na liderança. Primeiro porque Campos e o PSB orbitam o mesmo espectro político-eleitoral de Dilma e do PT. Depois, porque os cálculos levam em consideração o eleitorado do Nordeste e, mais especificamente, de Pernambuco, onde Dilma teve ótima votação em 2010: se Campos “roubar” votos da presidente na região, aumentam as chances de um segundo turno.
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e virtual pré-candidato ao Planalto, é hoje o mais interessado na viabilização da candidatura Campos. Aécio, em entrevista exclusiva à ÉPOCA, disse que “para o quadro político brasileiro, seria muito bom se ele (Campos) fosse candidato”.
O tucano, porém, diz que o PSDB terá candidato a presidente em 2014 mesmo se o processo de hibernação de Eduardo Campos terminar apenas em 2018.