Em declaração sobre as manifestações que sacodem o Brasil, publicada pela coluna Giro, de O Popular, nesta sexta-feira, o ex-prefeito Iris Rezende afirma que “está tudo uma zona”.
E bem possível que as pessoas mais jovens, exatamente as que estão engrossando os protestos de rua, não compreendam o que o ex-prefeito quis dizer.
Há muito tempo, 20, 40 anos atrás, as grandes cidades costumavam ter uma região separada para a localização de casas onde prostitutas recebiam seus clientes.
Era a “zona”.
Começou como “zona do baixo meretrício”, depois passou a simplesmente “zona”.
Iris, por sinal, quando jovem, morava em Campinas na Avenida Bahia, onde, poucos quarteirões acima da sua casa, ficava a “zona”.
Com tempo, dois fenômenos lingüísticos ocorreram: primeiro, “zona” passou a significar por correlação uma área, concreta ou abstrata, onde as coisas saíram do controle: segundo, a palavra caducou, mesmo porque as “zonas” foram desaparecendo e hoje praticamente não existem, pelo menos na maioria das cidades brasileiras.
Ninguém usa mais a expressão.
Mas, na cabeça de Iris, “zona”, como se vê, continua existindo.