Farmacêutico e presidente do Grupo Artesanal, o empresário Evandro Tokarski fez duras críticas ao prefeito Paulo Garcia (PT) pela decisão de demolir a casa histórica da rua 20, no centro de Goiânia.
Em artigo publicado na edição de sábado de O Popular, Evandro disse que leu “perplexo” a notícia da demolição.
Ele lembra que restaurou um prédio arte déco na rua 4 e pergunta onde está o Ministério Público.
Para ele, a derrubada da casa fere o Plano Diretor.
Veja a íntegra do artigo:
Demolição da casa da Rua 20
Li, perplexo – como acredito que, também, a comunidade goiana –, na página 9 do jornal O POPULAR, do dia 28 de junho, a notícia de demolição de uma casa histórica da Rua 20, no Centro de Goiânia. Segundo nos informou a matéria, trata-se de um dos imóveis mais antigos do Centro da capital, que este ano, coincidentemente, comemora 80 anos.
O que causa mais estranheza é que a demolição foi feita contrariando um parecer do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O argumento usado pelo poder público para cometer tal barbárie ao nosso patrimônio beira o ridículo: o local estava abandonado, servia para abrigar drogados e prostituídos.
Obedecendo uma lógica torta, demole-se um bem que é um patrimônio histórico de nossa cidade, colocando por terra – literalmente – um pedaço de nossa história, de nossa cultura, de nossa memória. Neste caso, a atitude mais sensata seria tombar o imóvel, transformá-lo em um centro cultural ou em algo semelhante, para, assim, ser compartilhado por toda a comunidade.
É lamentável que o poder público, que deveria zelar por um bem histórico dessa importância, tome uma atitude que não se coaduna com os cuidados que se deve ter com o nosso patrimônio. A demolição ocorre contrariando o Plano diretor de Goiânia, uma vez que o imóvel está situado na zona especial de interesse histórico. Onde estava o Ministério Público, que cuida dos interesses da sociedade?
Este fato, que provoca indignação num momento tão especial da história do Brasil, deve servir de lição a todos nós. Não devemos apenas falar aos quatro ventos sobre o absurdo que foi essa ação do poder público municipal. Temos de diminuir a distância entre intenção e ação, para que possamos fazer a diferença na sociedade que pretendemos mudar. Por isso, acredito no engajamento das pessoas em causas justas.
A união das pessoas em torno dessas causas é que vai produzir as mudanças de que a sociedade precisa. Estamos redescobrindo a nossa cidadania, os nossos direitos, independente daqueles que nos dizem representar. Aliás, o que as ruas estão dizendo é isso: chega, basta, não queremos mais saber de demagogia, de promessas vãs, de discursos de palanque, de mordomias, de corrupção, de achaques, de jeitinhos, de espertezas, de embromações.
Enquanto cidadão, farmacêutico e empresário comprometido com esta capital que vi crescer (não nasci aqui, mas tive a honra de receber o título de cidadão da cidade), contribuí um pouco para sua memória. Restaurei um prédio Art Déco, na Rua 4 com a Rua 7 no Centro como fora construído 1945, onde funciona uma das unidades da Farmácia Artesanal. Foi um presente para Goiânia e para os goianos. Oxalá que outros fizessem a mesma coisa. Nossa memória não seria vilipendiada.