O cidadão que vive em Goiás deve ter observado que os jornais de circulação local e nacional vêm seguindo uma mesma pauta nas últimas semanas: a guerra sem precedentes do poder público contra a classe médica.
Quando se fala em poder público, leia-se prefeitura de Goiânia e governo federal, ambos administrados pelo PT. O prefeito Paulo Garcia e a presidente Dilma decidiram peitar a classe médica como nenhum outro agente político jamais ousou, e por conta disso ameaçam levar o sistema de saúde pública ao colapso.
O prefeito Paulo Garcia, apesar de neurocirurgião, trata a Saúde como a última de suas prioridades. Enfrenta crises na área desde que herdou o cargo do ex-prefeito Iris Rezende, e foi muito cobrado na campanha à reeleição pelo desmonte nos cais e postos de saúde.
Paulo e a interminável crise nos Cais foram elevados ao status de pauta permanente nos jornais e telejornais, até que o prefeito perdeu a paciência e decidiu jogar a culpa nos médicos, que segundo ele são negligentes no atendimento.
Bobagem. Quem já foi a um posto municipal sabe que é humanamente impossível atender a enorme demanda de pacientes naqueles muquifos mal gerenciados pela prefeitura. Não existe a mínima estrutura.
E Dilma? Dilma dispensa comentários. Decretou a importação de médicos cubanos e transformou saúde pública em moeda de troca para estreitar laços com o general Raúl Castro. Não deu importância para o fato de os médicos desconhecerem a língua portuguesa ou não possuírem, por ventura, qualificação suficiente.
Num segundo ato, encampou uma aberração chamada programa Mais Médicos, que acabou de vez com a paciência destes profissionais com a presidente da República. O curso de medicina passou de seis a oito anos e o estágio de dois anos no SUS agora é obrigatório.
Para finalizar, vetou dez pontos do Ato Médico e mutilou uma lei que havia sido discutida por especialistas no Congresso Nacional por longos onze anos. Foram doze substitutivos, muitos debates, mas nada disso sobreviveu à arrogância inquebrantável da presidente.
Dilma e Paulo Garcia lideram, juntos, um massacre do qual ninguém sairá vencedor. Pacientes continuam morrendo aos borbotões à espera de atendimento, mas a espera não tem fim. É interminável. É como esperar Godot.
Em comum, Dilma e Paulo Garcia têm também índices cada vez mais ridículos de aprovação. Talvez já seja reflexo dos equívocos praticados na Saúde, talvez não. Pode ser que o blackout no atendimento público seja apenas o prenúncio de dias ainda piores para os dois.
E, se assim for, não haverá UTI que recupere a popularidade de ambos.