quarta-feira , 20 novembro 2024
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Semanário pergunta se Marconi blefa ao dizer que dificilmente será candidato de novo em 2014

Veja matéria publicada no jornal Tribuna do Planalto:

 

Marconi blefa ao dizer que dificilmente será candidato?

Muitos acreditam que governador quer apenas despistar intenção, mas há uma probabilidade real de que ele esteja preparando terreno para bancar outro nome em 2014

Eduardo Sartorato – Editor de Política

 

Marconi afirma que não pensa em 2014, mas trabalha intensamente para viabilizar reeleição

 

Um fato político chamou bastante a atenção de todos na semana passada. Durante evento de governo no Palácio das Esmeraldas, na terça, 16, o governador Marconi Perillo (PSDB) disse que é “praticamente impossível” ser candidato, mais uma vez, ao governo do Estado em 2014. Chamou de “equação difícil” a formula que lhe mostrará, ou não, o caminho para a disputa de mais um mandato no executivo e falou que não tem “nenhuma preocupação” com o assunto. A partir de então, a pergunta que as lideranças políticas do Estado passaram a fazer é: Marconi blefa ao dizer isto? Ou não?
Muitos políticos, principalmente da oposição, preferiram interpretar a fala do governador como uma estratégia. Tendo que se esforçar ao máximo para fazer com que o seu governo engrene de uma vez por todas, Perillo estaria apenas desviando a atenção do calendário eleitoral e focando na administração. Vale lembrar que as declarações ocorreram um dia após a pesquisa Serpes/O Popular mostrar que o terceiro governo tucano é aprovado por apenas pouco mais de 30% dos goianos. Em Goiânia, o índice é ainda pior: pouco mais de 15% acham a administração boa ou ótima.
Assim, ao dizer que dificilmente é candidato, Marconi estaria tirando o foco de si. Age tentando minimizar ao máximo as pressões políticas – que já são muitas em seu governo –, abrindo assim caminho para alavancar obras e serviços. Até o momento os números mostram que as ações do executivo estadual não surtem efeitos na avaliação do governador, mas governistas são sempre muito otimistas ao analisarem o futuro da gestão. Muitos acreditam que as obras anunciadas pelo governo podem alavancar a administração no momento em que, politicamente, Marconi mais precisará – 2014, o ano eleitoral.

Outro lado
O que poucos comentaram é o outro lado da ação marconista. E se o governador não estiver blefando? É claro que uma decisão destas não foi e não será tomada neste momento, mas e se Marconi realmente estiver disposto a não ser candidato e apoiar outro nome em 2014? Neste caso, as afirmações enfáticas do tucano no evento da terça, 16, teria uma finalidade diversa. O governador poderia estar preparando o terreno para sair de cena, diminuindo os desgastes que uma decisão destas poderia causar em 2014, se fosse tomada de supetão.
Outra análise que pode ser feita sobre as declarações de Marconi é que ele poderia estar testando a lealdade de sua base política. Para ser um candidato viável ao governo do Estado, mesmo à reeleição, o governador precisará de um exército de lideranças que trabalhe de fato na campanha, pedindo votos e estimulando a chapa. Ao dizer que é bem provável que não seja candidato, o tucano também analisa as reações que isso causa dentro de sua própria base.
Se, por exemplo, as lideranças aceitam que seu líder maior desista do projeto eleitoral sem maiores reações, isso é um sinal de que a própria base aliada já estaria sem entusiasmo para defender o nome de Marconi nos quatro cantos do Estado em 2014. Agora, se, por outro lado, o recuo de Marconi se transformar em uma peregrinação no Palácio das Esmeraldas para pedir que o governador seja, mais uma vez, o candidato do grupo em 2014, neste caso o tucano se fortaleceria e teria sinal verde para concorrer em 2014.

Caminhos
O que é praticamente unânime no mundo político goiano é que Marconi será o candidato à reeleição se tiver condições reais para conquistar mais um mandato. Motivação para isso há de sobra. Servidores estaduais, inclusive, já dizem abertamente que a intensificação do trabalho nos últimos meses mostra, claramente, a intenção do governador de tentar aumentar o seu índice de aceitação e construir o caminho rumo ao quarto mandato.
Se 2014 chegar e Perillo, porém, não tiver chances de vitória, ele também não se furtaria em abandonar a disputa e apoiar um aliado para o principal posto do executivo goiano. As suas declarações, inclusive, mostram isso. Com a saída de cena, Marconi manteria a sua invencibilidade (venceu todas as eleições que disputou para o Palácio das Esmeraldas) e poderia continuar influenciando o poder executivo, caso o seu candidato conquiste o governo. Neste caso, Marconi teria que escolher um entre dois caminhos possíveis – ser candidato a outro cargo (deputado federal ou senador) ou permanecer no governo até o fim de 2014.
Se for ser candidato, Mar­coni Perillo terá que deixar o Palácio até o final de março de 2014. Daí em diante o governador seria o vice, o advogado José Eliton (PP). Este já mostrou toda a sua gana em comandar o executivo estadual. Viajou todo o interior nas eleições municipais em 2012 e continua com as visitas em 2013. Nunca escondeu a sua ambição. Em entrevista recente para a Tribuna, Eliton disse que se prepara para ser candidato ao governo em 2018.
A saída de Marconi certamente anteciparia o projeto de Eliton. Com o comando do Palácio das Esmeraldas e um forte grupo político por trás (do qual faz parte o presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB), o prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), e até membros dos Tribunais de Contas do Estado e dos Mu­nicípios), o vice teria a faca e o queijo na mão para concorrer já em 2014.
No caso de ficar até o fim do mandato, Marconi comandaria o processo e ficaria livre para escolher o nome que concorreria em seu lugar. Este teria que ser construído a partir de agora, já que, além do próprio Marconi e José Eliton, ninguém é especulado para ser candidato com o apoio da base aliada. O nome do secretário de Planejamento, Giuseppe Vecci (PSDB), é ventilado, mas, desconhecido do eleitorado, teria que ser alçado.
Desta forma, o que Marconi Perillo não tem dúvida é que os próximos seis meses serão de fundamental importância para o futuro político da sua base. Fazer o governo deslanchar e fugir de qualquer desgaste desnecessário é fundamental para chegar em 2014 e ser o candidato. E muito importante também caso não seja o nome a concorrer, mas tenha que apoiar um aliado para evitar um hipotético triunfo da oposição 16 anos depois da sua primeira vitória, em 1998.

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