Veja a Carta aos brasileiros, publicada nos jornais, por entidades médicas:
Carta aos brasileiros
Nós, médicos de todo o Brasil, estamos engajados num grande movimento para assegurar que a melhor assistência chegue aos moradores do interior e das periferias dos grandes centros. Somos solidários às queixas da população, mas sabemos que não são apenas médicos que resolverão os problemas do atendimento.
É preciso também investir pesado e ter uma gestão eficiente, moderna e transparente. Esse esforço até já poderia ter começado se as propostas da categoria médica tivessem sido ouvidas e acolhidas quando foram apresentadas, há tempos.
Somente assim, o Brasil terá postos de saúde e hospitais com padrão Fifa. Todos com boas instalações, leitos, remédios e exames para oferecer a quem procura. Colocar um médico no interior não resolverá o problema do atendimento, pois a única coisa que ele poderá fazer em casos graves será colocar o paciente numa ambulância e mandar para outra cidade.
Ao invés de investir em saúde, o governo diz que a solução é importar médicos do estrangeiro. Ninguém é contra a vinda desses profissionais, mas antes deles atenderem você, seus filhos, sua família, eles precisam mostrar que são competentes passando em exames sérios. No mundo inteiro é assim. Por que no Brasil tem que ser diferente?
Quem se formou em outro país também tem que provar que sabe falar português: que entende o que o paciente diz, que tem condições de dar orientações sobre como seguir o tratamento e de escrever uma receita que não precise de tradução. Se um morador de uma capital tem direito a isso, a mesma regra tem que valer para quem vive numa área distante.
Desse jeito vão ser criadas duas classes de brasileiros: de primeira e de segunda categoria, o que é inconstitucional, imoral e injusto. Para que impedir que isso ocorra é preciso dizer não às propostas improvisadas, eleitoreiras e antiéticas. É isso que os médicos estão fazendo.
O que se quer é simples: que a Constituição seja respeitada, que a lei seja cumprida, que a igualdade dos cidadãos seja respeitada, que as soluções sejam buscadas sem agredir aos direitos de todos e levando em conta a opinião dos diferentes setores da sociedade.
Por isso, nós, médicos, pedimos desculpas se nos próximos dias você e sua família tiverem dificuldade em marcar uma consulta ou fazer um exame. Em nenhum momento, queremos prejudicar você, cidadão. No entanto, paralisações vão acontecer em Goiás, nos dias 30 e 31, para chamar a atenção das autoridades.
Não entenda nisso uma ação corporativista, de quem está só preocupado com seus interesses, como dizem alguns. Longe disso: nosso maior interesse é fazer com que você possa ter o SUS que tanto sonha: universal, integral, gratuito e com serviços iguais para todos.
Nos dê o seu apoio nessa luta, porque ela é sua também!
(Comitê das Entidades Médicas do Estado de Goiás AMG – Cremego – Simego)