Veja análise do jornalista expert em economia Lauro da Veiga:
Investimentos do Estado saltam 170% no terceiro bimestre do ano
Numa reação aparente às recentes pesquisas dando conta de queda na aprovação da administração estadual, o governo acelerou os investimentos no terceiro bimestre deste ano, mas decidiu conter o crescimento das despesas correntes a uma taxa inferior ao desempenho verificado para as receitas primárias, conseguindo elevar de forma expressiva o resultado primário (ou seja, a “poupança” destinada ao pagamento do serviço da dívida pública estadual). Os dados estão no mais recente relatório resumido da execução orçamentária divulgado pela Controladoria Geral do Estado (CGE).
Na comparação com o bimestre abril-maio, o investimento público aumentou 170,5%, saindo de R$ 40,608 milhões para R$ 109,844 milhões no acumulado entre maio e junho, o que correspondeu a um aumento nominal de 124,1% frente ao terceiro bimestre do ano passado. No primeiro semestre, o relatório carrega nas tintas negativas, apresentando um tombo de 86,7% no investimento estadual, de R$ 1,336 bilhão para R$ 178,099 milhões. O dado de 2012 inclui o investimento realizado pelo Estado para aumentar o capital da Celg Distribuição (CelgD), como parte do acerto com a União e a Eletrobrás para recuperação da empresa, num valor aproximado de R$ 1,270 bilhão.
Descontada essa operação, o investimento teria crescido aproximadamente 170% também no primeiro semestre deste ano, quando se consideram apenas recursos ordinários, não originários de operações de crédito, à disposição do governo para a realização de obras e serviços.
Ainda no terceiro bimestre deste ano, as receitas primárias cresceram 16,4% frente ao segundo bimestre, para quase R$ 2,740 bilhões, embora tenham recuado 0,38% em relação ao bimestre maio-junho de 2012 (quando foi contabilizada a entrada da segunda parcela da operação de resgate da Celg D, o que explica a leve redução registrada no período). As despesas primárias avançaram 11,6% em relação ao bimestre anterior, somando R$ 2,482 bilhões, numa variação nominal de apenas 4,6% diante do terceiro bimestre do ano passado.
Quase o dobro
Como resultado,o superávit primário do governo estadual avançou de R$ 129,995 milhões no segundo bimestre para R$ 257,623 milhões no seguinte, num salto de 98,2%. Para construir esse saldo, o governo segurou o crescimento das despesas com pessoal e de mais gastos correntes abaixo de 7% na comparação com o bimestre imediatamente anterior.As despesas com a folha passaram de quase R$ 1,6 bilhão no segundo para R$ 1,709 bilhão no terceiro (mais 6,8%), enquanto os demais gastos correntes avançaram de praticamente R$ 620 milhões para R$ 662,715 milhões (6,9% a mais). Na comparação com o terceiro bimestre de 2012, a folha cresceu apenas 3,65% e as demais despesas correntes encolheram 1,9%.