Veja editorial da Rádio 730:
Ideli não sabe de nada, mas o que o governo federal comete com os goianos é o crime de estelionato
A ministra da Enrolação, Ideli Salvatti, disse ao jornal O Popular que nada sabe sobre a Ferrovia Norte-Sul. Ao menos foi sincera. Desde a redemocratização do País, os seguidos presidentes da República garantem as obras viárias para o Centro-Oeste, algumas delas para Goiás. Até agora, 30 anos depois, o que se tem são palavras.
Não foi feita a ferrovia ligando o sul da Bahia ao Norte e Nordeste de Goiás, chegando à rodovia Belém-Brasília.
Foi desviada de Goiás a ferrovia ligando o Mato Grosso ao litoral.
Está parada a Ferrovia Norte-Sul, que os chefes de Ideli Salvatti prometeram tantas vezes ficar pronta.
Até hoje não se concluiu a duplicação da rodovia entre Aparecida de Goiânia e Itumbiara.
É lento o ritmo da duplicação entre Goiânia e Jataí e nem se fala mais em estender as obras até Mineiros e a divisa de Goiás com Mato Grosso.
Não passa de verbo ao vento a garantia de que vão duplicar a principal ligação do Norte com o Sul do Brasil, a BR 153, de pista simples entre Anápolis e Porangatu.
Em resumo, a ministra da Enrolação, Ideli Salvatti, está absolutamente correta em não acrescer ainda mais um engodo à lista das trairagens sofridas por Goiás. Se a autoridade do governo federal que transita entre os parlamentares garantindo emendas nada sabe sobre a Ferrovia Norte-Sul, então é porque o mundo acabou.
Acabou o mundo de expectativas quanto a exportação das commodities goianas. Afinal, saem de Goiás os produtos que equilibram a balança comercial brasileira. O superávit da economia nacional depende diretamente do que os goianos plantam sem financiamento, colhem sem apoio e transportam por vias sem estrutura.
Acabou o mundo róseo dos tempos de Lula e Juquinha das Neves, dois que ainda se esforçavam pela ferrovia.
Acabou o mundo dos trilhos, dos pontilhões, dos viadutos, das desapropriações, das esperanças. Em dezenas de lugares por todo o Estado, as obras da Norte-Sul se deterioram sem qualquer manutenção. São bilhões de reais jogados fora, criminosamente expostos às intempéries, à chuva, ao tempo. São bilhões já gastos e bilhões que o Estado deixa de faturar.
Mas Ideli Salvatti não é a única a se lixar para a Ferrovia Norte-Sul. Na mesma entrevista, a ministra da Enrolação diz ter se reunido com a bancada goiana no Congresso. Em mais de 50 linhas, Ideli esmiuçou as reivindicações de deputados federais e senadores goianos. Eles não tiveram sequer a decência de pedir a retomada dos trabalhos na ferrovia. Quem tem uma classe política como a que Goiás mandou para Brasília está mesmo fadado a ficar como o Brasil Colônia, vivendo de cana-de-açúcar.
Felizmente, a presidente Dilma Rousseff não compartilha com enrolação, não curte a embromação. Mas tem de ser logo. O que o governo está fazendo com a Norte-Sul é previsto no Código Penal como crime de estelionato e no desenvolvimento do País como crime de lesa-pátria.