A matemática entrega: vaquinhas da Cow parade valem mais do que show de Paul McCartney, mas quem se lembra delas? Elas valem mais do que um ex-beatle?
Nada melhor do que a matemática para dissipar dúvidas. Na última terça-feira, uma notícia correu as redes sociais: o Governo de Goiás, de alguma forma, estaria negociando com o setor empresarial para que a turnê ‘On the Run’ de Paul McCartney passasse por Goiânia. Custo do empreendimento: R$ 1 milhão. O jornal O Popular deu até data: dia 5 de maio. O governo não confirmou.
Logo em seguida à reportagem, militantes políticos contrários ao atual governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), bombardearam: é um absurdo a administração pública pagar para fazer shows de um músico como Paul McCartney, com coisa que Sir McCartney fosse um desconhecido, um músico qualquer do show business. PT e PMDB passaram a politizar o tema da cultura, o que é considerado um verdadeiro pecado por artistas e apreciadores de arte.
Entretanto, com muito menos barulho, até complacência, os que criticaram a iniciativa do governador em trazer um dos maiores músicos da história na Capital aplaudiram ou se aquietaram quando a Prefeitura de Goiânia gastou R$ 1,5 milhão para trazer um conjunto de esculturas de vaquinhas, a chamada Cowparade, para Goiânia. Isso mesmo: o prefeito Paulo Garcia gastou dos cofres públicos R$ 1,5 milhão para uma exposição ocorrida em 2012, que hoje sequer é lembrada pela população. Muitos acharam que era de graça tamanho o absurdo do valor para poucas vacas.
RIDÍCULA
Considerada por muitos críticos de arte como esdrúxula e ridícula, a Cowparade tem um capital cultural e intelectual infinitamente menor do que uma mega-apresentação de Paul McCartney, que serviria para consolidar Goiás como centro de grandes espetáculos mundiais. Mais do que nunca, Goiânia, afirmam especialistas em marketing de cidades, precisa agregar valor à sua imagem – tida por grandes empresários do setor de feiras e eventos como provinciana, brega até. O show de Paul daria muitos pontos para essa empreitada, diz um especialista consultado pela reportagem.
Para se ter ideia, Goiás perdeu quase R$ 3 milhões em 2010 na ocasião da escola das cidades sedes da Copa do Mundo. Políticos como Alcides Rodrigues (PP), Iris Rezende (PMDB) e Paulo Garcia (PT) conseguiram deixar Goiânia fora da lista. O Governo de Goiás, na ocasião, torrou dinheiro em vão. E no mesmo ano o Tribunal de Contas do Estado (TCE) anunciou que a gestão do PP mais PT gastou R$ 6,5 milhões em shows de duplas sertanejas desconhecidas. Ninguém foi para as redes sociais questionar Alcides Rodrigues, Paulo Garcia e Iris Rezende.
Da mesma forma ocorreu com as vaquinhas. Elas custaram R$ 1,5 mi aos cofres da Prefeitura de Goiânia, mas os mesmos militantes, jornalistas partidários em sua maioria, que atuam junto ao PT e PMDB, se esquivaram do debate. Existem ainda previsões de que a Prefeitura de Goiânia gaste R$ 80 milhões apenas no Parque Mutirama, com a renovação de brinquedos velhos (alguns datam da década de 1970).
A matemática, ciência antiga, então é que perguntaria. Afinal, quem vale mais: Paul (o ex-beatle considerado um deus da música e autor dos maiores hits do século passado) ou um conjunto de vaquinhas de resina? E quem está saindo mais caro? Afinal, vale mais Paul ou uma Montanha Russa velha e decrépita?
Os jornalistas e os oposicionistas das redes sociais logo desistiram do debate. E nem é por conta de discordarem não. É por não saberem mesmo a matemática.