O Ministério Público Estadual vive uma crise sem precedentes em toda a história da instituição em Goiás.
O atual procurador-chefe, Lauro Machado, não tem liderança consensual sobre os membros do “parquet” (como eles gostam de se autodenominar), ao contrário dos seus últimos antecessores, e o resultado é que o MP Estadual está rachado em várias alas, algumas das quais fazem oposição aberta ao comando do órgão.
O que acabou expondo e vulnerabilizando a instituição foi o projeto de lei, enviado à Assembleia Legislativa em sigilo, no início de julho, criando 127 cargos comissionados, aumentando os salários de outros e promovendo uma feira de benesses que a cada dia vai se revelando mais farturenta.
Nessa quarta-feira, um artigo do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Paulo Teles, no jornal O Popular, acrescenta novas informações ao pouco que já se sabia e joga mais combustível na fogueira – a ponto de chocar promotores, como Umberto Oliveira, adversário de Lauro Machado na última eleição para a chefia do órgão, que escreveu em seu Twitter ter lido o artigo e que o texto “revelou detalhes do projeto que vão além dos cargos de confiança. Preocupante”.
Não é exagero dizer que o MP Estadual nunca passou por uma situação de constrangimento tão grande como a atual, em que um desembargador aposentado escreve no principal jornal do Estado que a instituição perdeu a moral para questionar falhas em outros Poderes.
Até mesmo um inquérito civil público foi aberto por quatro promotoras (duas delas teriam desistido) para investigar a o próprio MP Estadual no episódio da criação dos cargos comissionados, que ainda estão sob apreciação da Assembleia.