quarta-feira , 20 novembro 2024
Goiás

Tribuna do Planalto: deputados da oposição falam muito, mas não agem na Assembleia

Veja matéria do jornal Tribuna do Planalto:

 

Alego: oposição fala, mas não age

Deputados de oposição garantem que todos os partidos contrários ao governo estão juntos, mas ações se limitam a discursos em plenário

Jonathan Murilo

 

Após as crises internas do primeiro semestre dentro do grupo que faz oposição ao go­verno estadual na Assem­bleia Legislativa, as lideranças mostram um discurso mais afinado, mas ainda pecam na falta de ações. Depois de superar os episódios da retirada das assinaturas nos pedidos de CPIs e da adesão em massa dos oposicionistas na votação da matéria que livrou o governador Mar­coni Perillo (PSDB) de ser inves­tigado pelo Superior Tri­bunal de Justiça (STJ), os representantes da oposição planejam atuar em conjunto e, com isso, tentar contribuir com o processo de união de todo o grupo para as eleições de 2014.

Apesar de o foco dos partidos ser, neste momento, a definição de filiações, a oposição dialoga entre si para uma possível aliança. De acordo com o líder do PMDB na Assembleia, Bruno Peixoto (PMDB), todos os partidos oposicionistas estão unidos. “Aqui estamos todos unidos e não deixamos situações externas afetarem os planos da Assembleia”, disse. Discurso compartilhado pelo presidente estadual do PMDB, Samuel Belchior (PMDB), que afirma que a oposição está se organizando para fazer um bom trabalho, marcando encontros e ensaiando estratégias para a Assembleia e de olho também nas eleições.

O foco dos deputados de oposição é mostrar as incoerências do governo, segundo o deputado Mauro Rubem (PT). “A situação pegou as coisas boas de Goiás e jogou no lixo”, critica. Para ele, Goiás precisa de uma gestão que valorize os recursos do Estado, administrando-os adequadamente. Ele citou como exemplo o parcelamento da data-base dos servidores, questão que o petista acha “inaceitável”. Aprovada em primeira votação na semana passada, a matéria prevê que o reajuste de 6,2% dos servidores estaduais seja divido em três parcelas, pagas até março de 2015. O projeto deve ser aprovado esta semana.

O discurso dos partidos é de que eles estão todos na mesma situação, ou seja, contra a base aliada do governo. Sendo assim, eles esperam que o fato de terem um adversário em comum possa ajudar a união de todos em um único projeto. A oposição hoje está mais fortalecida e isso lhes dá uma ampla vantagem, segundo o deputado Francisco Gedda (PTN). O deputado do PTN acredita que os parlamentares da oposição começaram a agir, deixando de ser subvervientes, porém ainda estão dispersos. Gedda acredita que ainda falta um líder que possa organizar todas essas siglas para que discutam e possam afinar seus discursos em um só.

Desorganização

Apesar dos discursos e os deputados todos afirmando que há uma união da oposição, o histórico não diz o mesmo. Há algum tempo, os partidos tentaram diversas ações que buscavam atacar a base aliada na Assembleia. As chamadas “Caravanas da Oposição”, que buscavam mostrar irregularidades da gestão do governo nos municípios, acabou se tornando uma ideia abandonada pela siglas. Foram feita três edições destas caravanas, que tinham o objetivo de apontas as falhas do governo Estadual por onde passavam. A primeira delas aconteceu em Aparecida de Goiânia e foi a que teve maior participação. Depois, nos outros dois encontros, os partidos foram se dissipando e se desunindo, até o projeto se extinguir de vez.

Agora, apesar de eles se organizarem para votar projetos e mostrar as falhas existentes na administração do Esta­do, ainda há muito a ser afinado. Há algumas disputas internas que podem fazer com que o discurso de união se desequilibre. Dentro do PMDB, por exemplo, está mais acalorada do que nunca a discussão de nomes para a chapa majoritária do ano que vem, sobretudo acerca do nome que disputará o governo do Estado.

Há também a discussão da aliança entre PMDB e PT, que, apesar de bem encaminhada, ainda não está fechada. Os petistas estão cada vez mais empolgados com a possibilidade de lançar um nome ao governo do Estado. O nome mais indicado é o do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT). Além disso, o nome do empresário Júnior do Friboi não agrada parte dos petistas. Se ele for o escolhido no PMDB e não houver uma costura eficiente, poderá causa uma fissura com o seu principal aliado.

Essas questões deixam alguns membros da oposição bastante desesperançosos qua­n­to ao desepenho da aliança. O deputado estadual Daniel Vilela (PMDB) não acredita que poderá acontecer, de fato, uma união com todos os partidos da oposição dentro da Assembleia Legislativa, tampouco fora dela. “A oposição nunca foi unida e não será agora que se unirá”, diz.

Terceira Via

Para o deputado Bruno Pei­xo­to, a chamada ‘Terceira Via’ é algo inexistente dentro da Assembleia Legislativa de Goiás, já que todos pertencem ao grupo oposicionista. Se­gun­do o deputado estadual Ney Nogueira (PP), os partidos que tentam criar uma nova alternativa fora dos dois polos tradicionais da política goiana, como o PP e o PSC, por exemplo, tendem a caminhar junto com a oposição dentro da Alego. Para Sime­yzon Silveira (PSC), o diálogo entre eles é contínuo.

Ney Nogueira confirma que há negociações e conversas da ‘Terceira Via’ com todos os partidos maiores da oposição. O mesmo discurso foi feito por Simeyzon. Este, no entanto, ressalta que esta união só funcionará se não houver uma imposição de nomes.

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