Veja matéria do jornal Tribuna do Planalto:
Com PMDB em guerra, Maguito mira governo
Aliados são taxativos ao negar intenção do prefeito de Aparecida de se candidatar ao governo em 2014, mas peemedebista pode se beneficiar da disputa interna
Marcelo Tavares – Repórter de Política
A disputa no PMDB para definir quem será o candidato a governador em 2014, por enquanto, polarizada entre o empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, e o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, abre pouco espaço para discussão de opções no partido. Um dos nomes ‘esquecidos’ e que pode ser alternativa é o do prefeito de Aparecida de Goiânia, o ex-governador Maguito Vilela. Nos bastidores, o silêncio do prefeito é visto como parte de uma estratégia para se fortalecer diante do embate entre Iris e Friboi.
Apesar dos vários problemas de Aparecida de Goiânia, o segundo município mais populoso do Estado, Maguito consegue fazer uma administração considerada boa e não tem rejeição que inviabilizaria uma futura candidatura ao governo em 2014. Na última eleição, em 2012, o peemedebista conseguiu a reeleição ainda no primeiro turno com quase 63% dos votos válidos. Além disso, possui um currículo político admirável: governou Goiás entre 1995 e 1998, foi senador, deputado estadual e federal e também ocupou a vice-presidência de Negócios do Banco do Brasil em 2007. Além disso, Maguito tem excelente trânsito no governo federal e é visto com bons olhos por lideranças petistas.
Opção
Dividido em dois grupos, o PMDB hoje vive uma tensão interna entre iristas e aliados de Júnior do Friboi. O grupo do empresário quer que o partido defina Júnior como candidato ainda em 2013, já que, segundo o argumento das principais lideranças, o empresário é o único pré-candidato ao governo do Estado pelo partido. Os peemedebistas mais ligados a Iris Rezende, porém, batem na tecla de que a decisão só será tomada no ano que vem e até lá qualquer filiado pode demonstrar intenção de se candidatar. O objetivo é deixar as portas abertas para Iris que, nos bastidores, articula para ser candidato.
Se as rusgas entre os dois grupos não foram superadas, um terceiro nome poderá ganhar força. A intenção seria uma alternativa que unisse o partido e acabasse com a divisão de forças. Maguito Vilela é o único da oposição que, além de Iris, tem um currículo amplo para enfrentar uma corrida eleitoral ao governo. Ninguém, dentro do PMDB, duvida que o prefeito de Aparecida largaria bem em uma corrida eleitoral para o Palácio das Esmeraldas. Ou seja, seria uma opção natural.
Apesar de Maguito Vilela ter sempre negado que o seu foco seja uma candidatura em 2014, no PMDB o silêncio atual de Vilela é interpretado como um sinal. Há tempos longe da mídia, Maguito tem focado a administração e falado quase nada de política. “Ele está louco para ser candidato”, acredita um peemedebista.
Para alguns peemedebistas, a estrategia de Maguito está muito bem delineada. O prefeito não defende uma candidatura de Iris Rezende, o que seria natural – Maguito sempre demonstrou fidelidade incondicional a Iris – e, por outro lado, tem seu sobrinho, o deputado federal Leandro Vilela como um dos principais articuladores da postulação de Júnior do Friboi. Em resumo, peemedebistas ouvidos pela Tribuna acreditam que Maguito fomenta a disputa interna hoje no partido.
Maguito, porém, tem algumas dificuldades para se viabilizar candidato, se esse for mesmo o seu plano para 2014. Os elogios ao governo estadual e a falta de posição combativa na oposição o desgasta dentro do PMDB (leia baixo). Vilela também herda desgastes dos dois últimos processos eleitorais para o governo que disputou, em 2002 e 2006, quando começou como grande favorito, mas terminou derrotado. Por último, se Maguito for candidato ele teria de deixar o comando da prefeitura de Aparecida até o final de março do próximo ano. Ou seja, as definições dentro do PMDB terão de estar adiantadas até esta data.
Se deixar a prefeitura, o ex-deputado Ozair José (PT), atual vice-prefeito, assumiria o cargo. Em 2012, o próprio esforço de Maguito Vilela em colocar Ozair na sua chapa já foi interpretado como uma vontade de participar do pleito de 2014. O petista é aliado de primeira hora do prefeito e tem a confiança de Maguito para continuar a administração. A ascensão de Ozair seria também mais um gesto em favor da aliança com o PT.
Não sairá
Apesar disso tudo, entre os aliados de Maguito Vilela é pacífico o discurso de que ele não almeja uma candidatura em 2014. O deputado estadual Daniel Vilela (PMDB), filho de Maguito, é taxativo e bem claro ao negar que o pai tenha intenções de participar do processo sucessório em 2014 como candidato ao Palácio das Esmeraldas. “Essa possibilidade é zero, não existe, não é projeto dele”, explica. Para o deputado, não existe estratégia no discurso. Segundo ele, por isso nas discussões de quem poderia ser o candidato em 2014, o nome do prefeito não chega a ser cogitado.
Segundo Daniel Vilela, seu pai está “feliz” em Aparecida, conseguindo fazer boas realizações. “Sua vontade pessoal é terminar o mandato e fazer uma boa administração. Ele acredita que agora é o momento de outras pessoas do partido ter oportunidades”, afirma. A declaração de Daniel é mais uma cutucada no grupo do ex-prefeito Iris Rezende, que fomenta uma nova candidatura dele ao governo.
Outro aliado de Maguito, o ex-deputado estadual José Nelto (PMDB), avalia que o prefeito faz um bom trabalho e que agora não o vê dentro da disputa, mas que é um nome natural em 2018. “Maguito é um homem de palavra e ele já reiterou algumas vezes que não vai deixar a administração de Aparecida, mas que irá trabalhar com o partido para apoiar o candidato nosso em 2014”, sublinha. A palavra, citada por Nelto, não chega a ser um impecílio para um politico de longa trajetória. Maguito disse que ficaria apenas quatro anos no Senado, mas depois que perdeu a disputa ao governo, em 2002, decidiu terminar o mandato no Congresso Nacional.
A gestão de Maguito também é bem avaliada pelo deputado federal Leandro Vilela (PMDB), que partilha das falas de Nelto e Daniel Vilela, ao afirmar que em 2014 o prefeito não tem pretensões de concorrer a cargo eletivo, mas sim desempenhar um papel como “líder partidário que é”. A avaliação dele é que Maguito terá um papel preponderante no ano que vem por conta do seu fácil trânsito com outras esferas do poder e de articulação com correligionários. “Maguito tem um grande histórico e está numa fase muito boa, fazendo uma grande gestão em Aparecida de Goiânia. É um sujeito ponderado e está sem vaidade de ser candidato. Sua pauta agora é construir um projeto com o partido”, ressalta.
Para Leandro, mesmo o prefeito afastado das discussões que envolvem a escolha do nome para concorrer a governador – de um lado a ala que deseja esperar para 2014 a escolha do candidato, e de outro, partidários que pressionam para antecipar a escolha –, vai chegar a hora certa em que Maguito vai se posicionar e exercer seu papel. “É claro que agora ele está distante, mas isso se justifica porque ele está focado em sua função de administrador”, sublinha.
O presidente regional no PMDB, deputado estadual Samuel Belchior, também avalia que Maguito é um dos maiores líderes no partido e tem um grande histórico na agremiação, que o credenciam para ser o candidato ou se postular como pré-candidato, mas, no entanto, até agora ele não manifestou essa vontade. “Tanto é que um dos maiores cabos eleitorais para que o Júnior Friboi seja candidato ao governo é o sobrinho de Maguito, o deputado federal Leandro Vilela”, lembra. “Nesse momento efervescente de discussões, se o partido antecipa, ou não, a definição de quem é o candidato ao governo, se é Iris ou Friboi, acaba neutralizando essa hipótese de discutir mais nomes, mas Maguito é uma alternativa”, defende.