Em artigo publicado no jornal O Popular de quinta-feira, o presidente regional do PMDB, deputado Samuel Belchior, afirmou que apesar das discussões “acaloradas”, do “exercício efervescente de democracia” e dos ânimos exaltados, o partido marchará unido nas eleições, “como historicamente sempre fizemos”.
Em que pese o otimismo calculado do presidente, uma rápida leitura da história do PMDB em Goiás mostra exatamente o contrário. A bem da verdade, a participação do partido em eleições vem sendo amplamente marcada por divisões internas e questiúnculas pessoais que às vezes comprometeram o resultado final, às vezes não.
Entre 1982 e 1998, os cismas partidários surtiram efeito menor porque não havia contraponto ao PMDB em Goiás. Havia, sim, contrapontos à liderança de Iris, mas eles foram rapidamente anulados antes que vencesse o prazo para realização de convenções. Aí sim, o partido marchava unido para as eleições, como disse Samuel. Mas isso só acontecia porque o velho cacique já havia tratorado os adversários antes.
Dizer que o PMDB ostenta um histórico de coesão é ignorar o esforço do ex-governador Henrique Santillo para democratizar a legenda, bem como a debandada de santillistas insatisfeitos com a liderança monocórdia de Iris. É passar o borrão sobre a guerra ostensiva entre íristas e maguitistas em 1998, ocasião em que Maguito foi obrigado a mentir e dizer que era contra a reeleição só para aquiescer ao desejo de Iris de disputar o governo.
Nas raras ocasiões em que o PMDB marchou unido, a verdade é que o partido conquistou a coesão com o chicote ao punho. Na base da mordaça e da ameaça, silenciou Santillo, Lúcia Vânia, Nion Albernaz, Barbosa Neto, Luiz Bittencourt, Henrique Meirelles e agora está prestes a empurrar Júnior Friboi para degola.
Não é mérito nenhum conquistar a união assim, na base do tapa. Que democracia é essa, que se baseia no medo e na puxada de tapete?
Esse papo de PMDB unido é maluquice do presidente. Ou inventou esse papo ou caiu nele, por ser jovem demais.