Veja a entrevista completa de Oloares Ferreira ao jornal digital A Redação:
Oloares Ferreira: “Faço jornalismo para o povo”
De vendedor de picolé a apresentador de TV
Adriana Marinelli
Goiânia – Humilde, tímido e cheio de vontade de trabalhar. É assim que se define o jornalista Oloares Ferreira. Durante visita ao jornal A Redação, na tarde da última quarta-feira (11/9), o apresentador do Balanço Geral, da Record Goiás, falou sobre sua vida pessoal e profissional, destacando os momentos de dificuldades e de conquistas. Hoje, aos 42 anos, Oloares se diz um homem realizado.
Em uma conversa descontraída, o jornalista contou que, mesmo vindo de família humilde, soube lutar pelos seus interesses e objetivos. Natural da cidade de Crixás (GO), o repórter e apresentador chegou à capital goiana em 1990, onde passou, durante algum tempo, por dias difíceis. Hoje, no comando do Balanço Geral, líder de audiência no horário do almoço, Oloares faz, como poucos, o jornalismo comunitário.
“Meu dia começa às 6 horas e eu nunca sei quando vai acabar. Trabalho muito, minha rotina é cansativa, mas eu gosto disso”, afirma. “Sou muito satisfeito com a minha vida! Só peço a Deus saúde e disposição para trabalhar”.
Quando tudo começou
Oloares começou a integrar a equipe da Record Goiás em 2000. Porém, o tempo na emissora seria curto: apenas 30 dias. O atual apresentador entrou na emissora para cobrir férias de uma repórter e após alguns anos acabou se tornando o mais assediado jornalista da empresa em Goiás.
Ele conta que, na época, o então apresentador do extinto Goiânia Urgente, Luiz Carlos Bordoni surpreendeu os diretores da Record e o público ao pedir demissão no ar. Em meio à correria e ao desespero para continuar com o telejornal, os diretores escolheram Oloares, único repórter presente na empresa no momento, para assumir a função.
“Colocaram uma gravata em mim e praticamente me empurraram para o estúdio. Eu continuei na apresentação por mais alguns dias, mas tinha a promessa de que uma pessoa seria contratada para tal função, o que nunca aconteceu. Estou no comando até hoje”, lembra. “Sou muito feliz na Record e não trocaria por nenhuma outra emissora em Goiás.”
Jornalista do povo
Oloares é apontado como o jornalista do povo, que faz jornalismo para as massas. Questionado sobre o segredo para tamanha aproximação com o público, ele diz que não sabe explicar. “Foi acontecendo”, diz. “Eu sou eu mesmo, não imito ninguém! Meu vocabulário é simples, falo a voz do povão.”
Para ele, só quem passou dificuldade na vida realmente entende algumas situações críticas vividas pela sociedade goiana.
“Eu vim de baixo. Sei de cada detalhe vivido pelos goianos. Passei por muita coisa difícil e sei como é revoltante ônibus lotado, ônibus atrasado e tantas outras coisas. Talvez seja por isso que os cidadãos da nossa cidade e do nosso Estado se identificam tanto comigo. Sou simples como eles são!”
Mesmo com a responsabilidade da edição e da apresentação, o jornalista não esconde sua preferência. “Gosto mesmo é de ir para a rua e fazer as reportagens. Costumo dizer que sou um repórter que apresenta e não um apresentador que faz reportagem.”
Críticas
Para as pessoas que pretendem trabalhar com jornalismo, principalmente os jovens, o apresentador, repórter e editor da Record Goiás dá as dicas. “Não pode ter medo de ser ousado, diferente”, diz ele. “Hoje só faz sucesso quem é diferente. Um bom exemplo é o próprio jornal A Redação, que surgiu de uma ideia ousada e que deu muito certo!”
Mesmo diante de tamanho sucesso, o apresentador não fica livre das críticas. “Não pode ter medo de críticas, pois elas virão. Me chamam de sensacionalista, mas eu adoro! Ser sensacionalista é causar sensação em alguém e é exatamente isso que eu quero. Normalmente sou criticado por outros jornalistas, mas não faço jornalismo para colegas de profissão, faço jornalismo para o povo”, argumenta.
Assédio
Visto por muitos como celebridade, Oloares Ferreira não se sente incomodado com o assédio dos fãs. “Tenho consciência de que não sou um artista, mas não nego se me pedem um autógrafo ou para tirar foto comigo. Passo horas sendo fotografado ao lado das pessoas, se me pedirem”, conta.
“Sei me dar bem com isso e me aproximo com facilidade das pessoas. Normalmente, aquelas pessoas que só me viam pela TV e não gostavam de mim passam a gostar depois que me conhecem pessoalmente”, revela.
Origem simples
Hoje realizado profissionalmente, Oloares falou, também sobre sua origem simples. Em Crixás, começou a trabalhar muito cedo. Aos sete anos de idade, ainda no interior, Oloares vendia picolés em frente à escola onde sua mãe trabalhava como porteira.
“Comecei a trabalhar muito novo e meus pais também sempre batalharam muito”, conta. “Meu pai trabalhava na roça, pegava no pesado mesmo, mas lembro que ele sempre dizia que filho dele tinha que estudar e ter um futuro melhor. Nós morávamos em uma casa de adobe e chão batido.”
Depois, aos 14 anos, Oloares começou a trabalhar em um supermercado, onde entregava botijões de gás. “Quando eu decidi me mudar de Crixás para Goiânia, eu comprei uma bicicleta à prestação e vendi à vista. Com o dinheiro, paguei a passagem. Já na capital, arrumei um emprego de chapeiro em um pit dog na Praça Universitária. Com o que eu recebia, pagava um quartinho para mim e pagava a bicicleta que eu ainda devia”, acrescenta.
“Não tenho vergonha de dizer que já passei fome, porque isso já aconteceu sim. Em Goiânia, eu comprava pão amanhecido, por ser mais barato, e tinha dias que uma lata de sardinha era meu almoço e jantar”, acrescenta, destacando que se sente vencedor, pois sempre correu atrás de seus objetivos.
“Em Goiânia, recebi a ajuda de muita gente e jamais vou esquecer das pessoas que me deram a mão quando eu mais precisei”, afirma.
Política
Sucesso com o público, Oloares é apontado por muitos como “futuro político”, mas ele nega. “De jeito nenhum! Não sou candidato a nada e nem penso nisso. Não faria nem propaganda para nenhum político. Eu poderia até apoiar alguém, mas, se essa pessoa, caso eleita, não cumprisse o que prometeu, eu mesmo denunciaria”, garante.
Questionado sobre suas expectativas para as eleições de 2014 para o governo do Estado, o apresentador aposta na reeleição de Marconi Perillo. “Ele está sabendo reconstruir sua imagem. Realizando muitas obras no interior e isso é bom para ele. Conheço várias pessoas que viviam falando mal do Marconi e hoje só elogiam”, diz. Para ele, os partidos de oposição não conseguem se unir e parecem não ter estratégia.
“A oposição em Goiás é muito bagunçada e, na minha opinião, não vão conseguir se organizar para tentar vencê-lo. Ainda estão presos na questão de rodovias e isso não é mais motivo. Viajo muito e por onde eu tenho passado as estradas estão um tapete, e isso tem que ser reconhecido”, conclui.
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