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Tribuna do Planalto: PT embarca no projeto de Gomide ao governo em 2014

Não tem para Paulo Garcia ou Iris Rezende.

O PT embarcou na onda de Antônio Gomide como candidato ao governo em 2014, diz o jornal Tribuna do Planalto,

Veja a reportagem-análise:

 

PT embarca no projeto Gomide 2014

Prefeito de Anápolis tem apoio da direção estadual e trabalha para viabilizar projeto eleitoral; disputa interna no PMDB favorece petista

Filemon Pereira – Diretor de Redação

O cenário da sucessão em Goiás ainda é uma incógnita, ao contrário de outros anos que antecederam a disputa estadual. O prefeito de Anápolis, Antônio Roberto Gomide (PT), é um dos nomes que movimenta-se nos bastidores com discrição na tentativa de se fortalecer para a sucessão estadual. Gomide desenvolve uma série de ações na busca de viabilizar-se, mas ainda esbarra no projeto nacional de seu partido, que sobrepõe-se às definições nos estados. A guerra interna no PMDB, entretanto, pode facilitar projeto do anapolino.

À frente de uma gestão altamente aprovada em Anápolis, o terceiro maior colégio eleitoral do Estado, Antônio Gomide tornou-se o nome mais forte do Partido dos Trabalhadores para a sucessão estadual. Atualmen­te prevalece, inclusive, sobre o prefeito de Goiânia Paulo Garcia (PT), detentor do mandato mais relevante do partido no Estado.

Internamente, Antônio Gomide surge quase como unanimidade quando o assunto é a sucessão estadual de 2014. A candidatura do petista ainda não ganhou maior dimensão, porém, porque o PT trabalha para manter em Goiás a aliança nacional que sustenta a presidente Dilma Rousseff. Assim, é fundamental para o partido manter o diálogo aberto com PMDB, principalmente, e com as demais legendas do consórcio governista.
Mesmo assim, é cada vez mais nítido que o PT arma-se para bancar uma candidatura própria ao governo, rompendo com a história recente da sigla de apoiar candidaturas de aliados – em 2010, o PT apoiou o ex-governador Iris Rezende (PMDB) e, em 2006, havia sustentado Barbosa Neto (PSB). A última eleição em que o PT disputou com candidato próprio foi em 2002, quando a atual deputada federal Marina Sant’­Anna foi candidata ao governo.

A ascensão de Gomide em Anápolis faz com que a maior parte dos integrantes do partido acredite que pela primeira vez seja possível apresentar um candidato em condições de disputar o governo de Goiás com chances reais de vitória. Além disso, aliados do prefeito acreditam que ele é hoje o nome que vai ao encontro do que deseja o eleitor goiano: o nome novo na sucessão. Em resumo, o PT acredita ter o melhor no­me para a eleição do ano que vem.

Ações
Entusiasmado com a possibilidade de disputar o governo de Goiás em 2014, o prefeito de Anápolis não espera que apareça naturalmente no cenário da sucessão estadual. Ao contrário, Gomide desenvolve muitas ações na tentativa de cacifar-se e ter seu nome projetado no Estado.

Nos últimos meses o prefeito encomendou pesquisa qualitativa para avaliar seu nome e o humor do eleitorado goiano. Descobriu que tem a seu favor o fato de ser reconhecido como gestor eficiente – goza hoje de uma aprovação acima dos 80%. Além disso, também é visto como um político novo e moderno, que poderá preencher uma lacuna junto ao eleitorado – em tese, cansado da disputa travada entre PSDB e PMDB desde 1998.

Gomide acredita no potencial de sua candidatura. Mira, nesse momento, romper a barreira de Anápolis. Quer tornar-se um político com dimensão estadual. Para isso, vai a todos os encontros e reuniões do PT nas cidades do interior para falar do sucesso de sua gestão em Anápolis. Em outra ação, voltada para o marketing, Antônio Gomide distribui uma revista em larga escala e que também mostra os méritos de seu trabalho no município.

Partido
A chave de uma candidatura de Antônio Gomide ao governo pode ser a composição do diretório estadual do PT. Em novembro, o partido realizará eleições internas. Já é consenso que o atual presidente Valdi Camárcio terá como sucessor Céser Donizete. Ambos aliados de Otoni. Internamente, Céser já avisou que o projeto do partido é de candidatura própria e que trabalhará intensamente para viabilizar a postulação de Antônio Gomide.

Em 2014, o partido terá de se reunir para decidir por uma candidatura própria ou apoio a um candidato de outro partido. Abertamente, as principais lideranças do PT afirmam que a aliança prevalecerá e o partido decidirá os rumos da sucessão estadual em conjunto com as demais legendas, sobretudo o PMDB.
A novidade é que ao contrário do que ocorria em anos anteriores, o deputado Rubens Otoni cedeu uma parcela importante da direção estadual do partido. Antes, detentor de aproximadamente 60% dos cargos, o deputado preferiu distribuir metade deles com outras tendências.

Em tese, Otoni perdeu força no comando do PT. Porém, o gesto de dividir os cargos com os diversos grupos do partido fortalece muito o parlamentar e, consequentemente, o prefeito Antônio Gomide. A reclamação de que os irmãos Gomide sempre fizeram politica pensando apenas neles caiu por terra. O entusiasmo com uma possível candidatura de Antônio Gomide nunca foi tão grande como agora.

Rubens Otoni defende abertamente uma ampla aliança entre os partidos de oposição. O problema é que essa unidade está cada vez mais distante (leia reportagem na página 1). Com a divisão dos partidos de oposição, pode prevalecer a tese de várias candidaturas no primeiro turno. Dessa forma, Gomide torna-se ainda mais viável e teria o respaldo de praticamente todo o PT.

Alguns petistas avaliam que o cenário de 2014 pode guardar semelhança com o que ocorreu em Anápolis, em 2008. Naquela eleição, quatro nomes competitivos disputaram o comando da cidade. Gomide era o concorrente, em tese, com menos força. Cresceu durante a disputa e beneficiou-se do embate acirrado entre seus opositores. No segundo turno, acabou eleito com uma votação expressiva.

Se o empresário Vanderlan Cardoso (PSB) manter-se irredutível quanto a candidatura própria, como faz atualmente, e o empresário Júnior do Friboi vencer a disputa interna no PMDB, os petistas avaliam que Antônio Gomide tem muitas chances de se viabilizar e avançar durante o pleito. Seus partidários são unanimes em afirmar que o prefeito reúne melhores condições do que os dois empresários.

PMDB
O PT trata o PMDB em Goiás como aliado preferencial. A crise interna no principal aliado, porém, também faz com que cresça a possibilidade de uma candidatura de An­tônio Gomide ao governo. O PMDB hoje se consome em uma disputa entre aliados do ex-governador Iris Rezende e do empresário Júnior do Friboi para definir o candidato ao Palácio das Esmeraldas.

Na Executiva do PT, apesar de não ser consenso, apenas Iris é citado como possível de barrar a candidatura de Gomi­de. O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, por exemplo, é um dos que acreditam que Iris seja o único capaz de enfrentar o governador Marconi Perillo (PSDB) e vencer. Paulo, vale ressaltar, não é o único a defender essa tese.

Se Iris não for candidato, o PT passa a ter um pensamento uniforme de que Antônio Gomide representa a melhor alternativa de candidatura ao governo na oposição. Hoje, o partido teria enorme dificuldade em seguir com o empresário Júnior do Friboi. A postulação de Friboi faz crescer exponencialmente a possibilidade de uma ruptura da aliança entre PT e PMDB.

Outra tese comentada internamente no PT, apesar de ainda ser considerada remota, é que Iris pode aliar-se ao partido para derrotar Friboi. Se avaliar que não prevalecerá sobre o empresário, o ex-governador pode trabalhar pela candidatura de Antônio Gomide e, com isso, esvaziar Friboi.

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