quarta-feira , 20 novembro 2024
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Terceira via de Vanderlan e Caiado tem ranço de atraso e não decola em Goiás, diz jornalista

Veja análise do jornalista Cezar Santos sobre a terceira via:

 

A 3ª via não decola por quê?

Não é de hoje que alguém tenta quebrar a polarização política em Goiás e busca se apresentar como uma alternativa. Circunscrevendo a análise para a história mais recente, na eleição de 2010 o ex-prefeito Vanderlan Cardoso (PSB) tentou se apresentar como o “novo”, uma alternativa a Marconi Perillo e Iris Rezende. Não teve sucesso, embora tenha angariado mais votos do que muitos imaginavam.

A história se repete agora. Vanderlan volta a ressuscitar a tal “terceira via”, dessa vez na companhia do deputado Ronaldo Caiado (DEM). Vanderlan parece acreditar que Caiado pode dar força à terceira via, não percebendo ou fazendo de conta que não percebe que o deputado não tem essa força.

Caiado está praticamente isolado no DEM. Todos os deputados estaduais da sigla estão com Marconi. Dos 16 prefeitos, só dois ou três estão com o líder ruralista. Na verdade, a desidratação de Caiado vem desde a criação do PSD pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Deputados federais como Vilmar Rocha e Heuler Cruvinel aproveitaram a chance para sair do comando pesado de Caiado.

Na semana passada, o deputado estadual que estava com Caiado, José Vitti, deixou o DEM e se filiou ao PSDB. O deputado Hélio de Sousa, que foi líder do governo de Marconi Perillo na Assembleia Legislativa, declarou que não cogita deixar o partido, como fez Vitti, mas vai continuar apoiando o governo, para tomar uma decisão no ano que vem, a partir das composições partidárias. Ou seja, Helio de Sousa pode só estar adiando a saída do DEM.

Outra perda terrível para Caiado se deu com a defecção do vice-governador José Eliton, que também saiu muito contrariado com o presidente do DEM goiano. Caiado cobrava de Eliton uma posição de confronto com o governador, ignorando que Marconi confiou em seu vice e deu a ele condições de crescer na política ao garantir apoio na execução de missões de destaque no governo.

O fato é que nas atuais circunstâncias, Caiado talvez seja mais um peso para Vanderlan Cardoso do que uma força. Até mesmo o tempo de propaganda eleitoral do DEM, desidratado como está, é pequeno, cerca de 2 minutos apenas. O DEM virou um partido nanico e o líder ruralista — de quem alguém já disse que não tem companheiros antigos, só tem companheiros novos — não está em condições de viabilizar a terceira via.

Outra sigla que Vanderlan Cardoso tem propagado como integrante da terceira via e que estaria compromissado com sua candidatura ao governo é o PDT. O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, até que quer muito a candidatura de Vanderlan, mas quem tem voz de fato no partido, a deputada federal Flávia Morais, disse a uma rádio, há dois dias, que o PDT não está preocupado com o nome do candidato e sim com um projeto para o Estado.

Palavras textuais dela: “É difícil a gente falar que essa terceira via é colocada 100%, ela é um intenção de terceira via, e a gente acredita nela, pela coerência do apoio na eleição passada, pelo que temos defendido sobre o momento do novo, mas o partido não tem decisão ainda. De repente essa terceira via vai compor e a oposição vai lançar uma chapa única.”

Como se vê, Flávia Morais não leva muita fé nessa terceira via, quando explica que seu partido só define apoio no próximo ano, quando as candidaturas estiverem postas. Pode ser uma senha para deixar Vanderlan na chapada, falando sozinho.

É de se perguntar por que a terceira via não decola em Goiás. A primeira resposta é a mais óbvia: porque não tem projeto alternativo ao que está colocado pela base marconista e pela oposição PMDB-PT — que, aliás, também não tem.

Hoje, certamente, pesa muito o fato dessa terceira via estar assentada em forças que comandaram o Estado no governo Alcides Rodri­gues (ex-PP), quando Goiás ficou quatro anos estagnado. Um dos mentores desse grupo com Van­derlan e Caiado é o publicitário Jorcelino Braga, secretário da Fazenda de Alcides, na verdade a eminência parda daquele que é considerado o pior governo de Goiás. Há um ranço de má administração, uma cultura “udenista” de atraso, de retrocesso. Por tudo isso e mais, a terceira via tem poucas chances de desfazer a polarização estabelecida em Goiás.

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