Veja análise do jornalista Cezar Santos, publicada na edição deste domingo do Jornal Opção:
Mostrando poder de superação
Há um ano era dado como derrotado, uma carta praticamente fora do baralho político na sucessão em 2014, mas o governador deu a volta por cima
Cezar Santos
O governador Marconi Perillo será o principal player na sucessão estadual em 2014, mesmo que ele opte por não disputar a reeleição. Se for candidato a assertiva é óbvia por si. Afinal, ele que já é o único goiano eleito governador por três vezes, poderá ser o primeiro a emplacar um quarto mandato.
E estamos falando aqui de eleição no duro, votos depositados nas urnas por eleitores, por isso não vale reclamar a primazia para Pedro Ludovico Teixeira (1891-1979), que comandou o Estado 17 vezes, como interventor federal, governador nomeado e eleito e que teve mandato que durou menos de três meses.
Marconi, se concorrer e vencer, estará estabelecendo uma marca que dificilmente será batida. Se não quiser ou não puder disputar, o tucano vai exercer forte influência no processo de definição do candidato que o substituiria, a começar pela escolha do nome, que seria dele. Depois disso, com o substituto definido, a vitória dependerá diretamente do empenho do governador para isso.
E que não se duvide da capacidade de Marconi em transferir votos. A campanha de 2006 ainda está fresca na memória. Tendo renunciado para se candidatar ao Senado, assumiu o vice Alcides Rodrigues (PP), que meses depois foi escolhido pela base governista para a reeleição. Marconi se desdobrou e foi o responsável direto pela vitória considerada improvável de Alcides.
Então, fica claro que Marconi Perillo terá o papel principal nas eleições do ano que vem, seja como candidato, seja como cabo eleitoral. Mesmo seus adversários não podem negar esse fato. Mas o mais interessante nessa constatação é que não era assim até há pouco tempo.
Há um ano, Marconi Perillo, mesmo sendo governador, chegou a ser dado como liquidado politicamente. Para esclarecer vamos rememorar um pouco da história recentíssima. Marconi enfrentou uma campanha duríssima em 2010, disputando a eleição para o governo contra Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (então no PR).
O tucano teve contra si as três máquinas públicas: a da Capital, com o PT de Paulo Garcia, que apoiou Iris; a estadual, com Alcides Rodrigues, que apoiou Vanderlan; e a federal, do PT de Lula da Silva, obviamente com Iris Rezende. Ao término do primeiro turno, o então senador, com 1.400.227 votos (46,33% dos válidos), passou para o segundo turno com Iris Rezende, que teve 1.099.552 votos (36,38% dos válidos). Vanderlan Cardoso, com apoio do governador Alcides Rodrigues, ficou em terceiro, com 502.462 votos (16,62% dos válidos).
No segundo turno, outra pedreira para Marconi Perillo, já que Iris Rezende passou a contar com as três máquinas públicas a seu favor. Ministros, o presidente Lula da Silva e a candidata de Lula à Presidência, Dilma Rousseff, deram apoio público a Iris. A diferença do primeiro turno caiu, mas mesmo assim Marconi saiu vencedor no dia 31 de outubro. O tucano elegeu-se governador de Goiás pela terceira vez, recebendo 1.551.132 votos (52,99% dos válidos); Iris teve 1.376.188 votos (47,01% dos válidos).