quinta-feira , 18 julho 2024
EleiçõesGoiás

Analista diz que vitória da oposição em 2014 depende da estratégia a ser adotada

Veja análise publicada no Jornal Opção:

 

Oposição quer vencer e condições existem. Tudo depende da estratégia

Com a união dos adversários da base aliada marconista é mais fácil, mas será que chapa única é possível?

Marcos Nunes Carreiro

As eleições do próximo ano representam um marco, pois, independentemente do que acontecer, com certeza 2014 será objeto de futuras análises políticas. Motivos?

Em 2014, estarão completos 32 a­nos que Goiás está sob o comando de apenas dois grupos políticos. Em 1983, ainda tentando superar a ditadura militar, Iris Rezende subiu ao governo cujo poder político se estendeu por 16 anos — passando por Henrique Santillo e Maguito Vilela —, até que em 1998 o Palácio das Esmeraldas trocou de cores com a ascensão do tucano Marconi Perillo. O discurso da vitória, até então improvável, do ex-peemedebista foi o “Tempo Novo”. Desde en­tão, à soma do tempo, resultam-se ou­tros 16 anos — passando por Al­cides Rodrigues. E o grande questionamento é: qual grupo se erguerá das urnas em outubro do ano que vem?

Bem, as possibilidades, no restrito da análise, são três:

1) Os atuais 16 anos podem continuar seu crescimento numérico. É possível que o PSDB — ou seu conglomerado político — continue no poder. E condições para isso não faltam, visto que o grupo tem a máquina pública em mãos;

2) Há uma nova contagem de tempo peemedebista no governo. Nomes não faltam ao principal grupo de oposição do Estado. Embora Iris Rezende ainda represente a mais forte das figuras, há novas alternativas. O PMDB tem: o empresário Júnior Friboi; o ex-deputado Ivan Ornelas; o deputado estadual Samuel Belchior; e os prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e Jataí, Humberto Machado. O PT — apontado como principal parceiro oposicionista no grupo — possui os prefeitos de Anápolis e Goiânia, Antônio Go­mide e Paulo Garcia.

3) Cronômetro zerado. Uma terceira via pode se mostrar forte nas urnas e surpreender. Por que não pontuar como o “Novo Tempo” goiano, fazendo algo semelhante à postura de Marconi em 1998? Nomes também não faltam, alguns com representatividade suficiente para disputar as eleições majoritárias — veja bem, disputar é diferente de figurar. Disputa significa ter votos e alguma chance de vencer. Assim, apresentam-se os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM) e Flávia Morais (PDT) e o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB).

Contudo, há também uma quarta alternativa, que está separada das outras, pois é pouco provável que ocorra: uma chapa única de toda a oposição, incluindo PMDB, PT, PSB, PDT, PSC, etc. Dessa forma, deixaríamos a contagem do tempo fora de questão.

Bem ou não, a oposição de forma maciça trabalha para “destronar” Marconi Perillo. E se trabalhar corretamente, dado o atual processo social vivido pelo País, tem condições para tal. O sucesso da missão pode se apresentar dependendo da atuação de todos os partidos que defendem essa posição. E pelas razões já apresentadas, o PMDB representa a maior parte da oposição em Goiás atualmente. O partido era tomado por imbatível em 1998, perdeu, continuou perdendo, mas mantém estrutura forte no Estado.

Mesmo com seus desgastes po­pulares, segundo pesquisa da Uni­ver­sidade Federal de Goiás (UFG), na­quele ano, a legenda tinha a maior po­pularidade política de Goiânia. Che­gava a 19,9%, enquanto o PSDB — sigla que se sobressaiu no pleito — pontuava em terceiro com a­penas 4,9% de reconhecimento. Si­tuação normal, visto que os peemedebistas já caminhavam para uma perpetuação no Executivo goiano.

De certa forma, o partido mantém esse legado de participação administrativa. Não fosse isso, já não haveria o velho discurso de que “foi o PMDB que fez” em muitos municípios. A presença da legenda é real, mesmo que não detenha a grande parcela da administração pública do Estado, pois o governo está nas mãos do PSDB e duas das principais prefeituras sob responsabilidade petista: Goiânia e Anápolis. Justamente por isso, o partido divide as atenções com o PT, sigla de maior força nacional e que recebe os maiores holofotes também.

A aliança dos dois grupos é clara, principalmente depois que Iris Rezende “cedeu” a prefeitura da capital para que o petista Paulo Garcia assumisse e tivesse condições de se eleger. E essa união pode fazer com que a missão oposicionista seja mais bem sucedida. Isolados, nenhum dos partidos tem força para vencer as eleições. Nem Iris Rezende consegue voltar ao Palácio das Esmeraldas sem ajuda. Porém, as disputas internas podem prejudicar a caminhada.

Existem duas camadas de disputa atualmente: uma divide o PMDB e a outra permeia o período natural das eleições. A primeira é, na verdade, uma briga entre Iris Rezende e o novato Júnior Friboi, que foi em­pur­rado pela cúpula nacional também como forma de desestabilizar o possível presidenciável Eduardo Cam­pos, presidente do PSB, partido o qual Friboi dirigia em Goiás. Ao receber o anúncio da filiação de Friboi — que praticamente já se postou como pré-candidato ao governo — o comando do PMDB em Goiás não gostou e a digladiação, como dizem os governistas, começou. Os ânimos, contudo, já parecem estar um pouco menos agitados.

Friboi representa o novo, mas não tem representatividade política e sua constante presença nos jornais, figurando a disputa com o patriarca peemedebista, acaba por cansar o eleitorado. Não obstante, sua participação nas últimas pesquisas fica na média de 5% das intenções de voto, muito abaixo dos mais de 20% de Iris Rezende e Marconi Perillo. E a tendência é que se mantenha nessa faixa, visto que tem pouco apoio e é prejudicado pela participação mais ativa de Iris nos encontros do partido.

Nesse contexto, Iris se torna o nome mais provável dentro do PMDB, embora Friboi não possa ser colocado como carta fora do baralho. Como se diz popularmente, o empresário tem “cacife” e o partido não pode deixar que ele saia tão facilmente. Candidatável ou não, Friboi terá sua importância na chapa majoritária e pode até conseguir se postar como vice ou ir ao Senado. Agora, se ele quer participar do pleito sem estar na cabeça de chapa, já é outra história.

Fora isso, um fato deve ser levado em consideração: mesmo Iris sendo o principal nome do PMDB atualmente, em momento algum o ex-governador se colocou como candidato e, às claras, não trabalha para que tal situação ocorra. Ele pode, por exemplo, fortalecer algum dos outros nomes postados como possibilidade: o ex-deputado Ivan Ornelas já se apresentou como pré-candidato. Mas ele não tem o apoio da cúpula peemedebista; o deputado e atual presidente do partido, Samuel Belchior, é um nome a ser trabalhado; fora ele, apresentam-se os prefeitos de Jataí, Humberto Machado, e Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela.

Para o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), a verdade é que todos os nomes são levados em consideração. Porém, é preciso esperar as prévias das legendas e, depois disso, a estruturação das alianças partidárias. “As prévias são uma realidade que deve acontecer. A possibilidade de nomes já é outra questão. Nesse momento, ninguém está fora do jogo, não só no PMDB como dentro dos partidos aliados. Não decidimos sozinhos”, diz ele.

Resolvido essa contenda, o PMDB terá que se entender com o PT. Uma disputa normal, dado o período pré-eleitoral e a atual situação social em que o País se encontra. Mas os petistas apresentam o desejo de estar à frente. Nada errado, dado o histórico do partido em Goiás.

Nas últimas oito eleições, o PT já vivenciou vários aspectos nas eleições majoritárias de Goiás. De candidaturas efetivas a mera composição. Porém, o partido foi sempre coadjuvante no processo e o costume foi que apenas marcasse posição, como aconteceu em 1982 (com Athos Magno), 1986 (Darci Accorsi), 1990 (Valdi Camarcio), 1994 (Luiz Antônio), 1998 (Osmar Magalhães) e 2002 (Marina Sant’Anna). Nos anos anteriores, o PT, inclusive não se mostrou forte o suficiente para uma disputa estadual a ponto de abrir mão da cabeça de chapa em 2006 e 2010.

Mas agora a situação parece ser diferente, uma vez que o PT, fora Iris Rezende, tem os principais nomes para a disputa: prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, que mesmo sem se afirmar candidato recebeu 1,5% das intenções de voto na última pesquisa Serpes/O Popular; e o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, que obteve quase 90% dos votos válidos do eleitorado anapolino. Há quem diga que é chegada a hora do PT.

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