Veja análise do jornalista Lauro Veiga Jardim publicada no jornal O Hoje, deste domingo:
Pnad mostra a consolidação da classe média em Goiás
As séries de indicadores da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada na semana que passou pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que Goiás vai se tornando, cada vez mais, um “Estado classe média”, sob impulso das políticas de revisão anual do valor real do salário mínimo e de distribuição direta de renda por meio de programas sociais adotados pelos governos federal e estadual.
Em 2001, as pessoas com rendimento médio entre um e cinco salários mínimos respondiam por 34,33% do total de goianos com 10 anos e mais, abocanhando o equivalente a 40,31%de todos os rendimentos. No ano passado, essa faixa da população em idade ativa passou a representar 41,5% do total, praticamente repetindo o percentual registrado em 2011, mas sua participação na renda subiu para 52,89%, passando por 51,60% um ano antes.
Esses números parecem indicar uma distribuição de renda um tanto menos desequilibrada, com alguma melhora na divisão do bolo. De fato, conforme o IBGE, o índice Gini,que ajuda a aferir os níveis de concentração ou desconcentração da renda em determinada economia, variou de 0,476 para 0,471 entre 2011 e 2012. Vale anotar que quanto mais o índice se aproxima de zero, melhor a distribuição dos rendimentos gerados pela economia. No caso em análise, o índice refere-se ao valor total desses rendimentos, incluindo salários, aluguéis, rendas financeiras e outras formas de ganho auferido pelo total da população em idade ativa (10 e mais de idade).
Embora a variação entre um ano e outro do índice Gini tenha sido praticamente simbólica, Goiás conseguiu manter-se abaixo da média observada para todo o País, que anotou índices de 0,508 em 2011 e de 0,507 em 2011, confirmando uma tendência aparente de estagnação no indicador.
Os dois extremos
As pessoas com renda de até meio salário mínimo, que representavam 5,06% da população em idade ativa em 2001, praticamente sustentou essa participação em 2012 (5,18%), mas sua porção na renda total encolheu de 0,89% para 0,83%. No extremo oposto, aqueles com rendimentos superiores a 20 salários mínimos, que correspondiam a 1% da população em idade ativa, encolheu para 0,36%e sua fatia no rendimento total desabou de 19,59% para 7,78%. Há uma década, pouco menos de 3% da população em idade ativa (2,82%), acumulando rendimentos entre 10 e mais de 20 salários, respondia por um terço da renda. No ano passado, sua participação na população caiu para 1,56%, que passaram a responder por 17,96% dos rendimentos.
Mas as diferenças ainda são gritantes: a distância entre o rendimento médio dos mais ricos avançou de 111,85 vezes para 131,41 vezes o dos mais pobres.