O Jornal Gênesis traz em sua última edição uma ampla reportagem, assinada por Manoel Messias, em que aborda o escândalo da Operação Miqueias que atingiu o PMDB.
O texto diz que Samuel Belchior era uma das figuras de renovação da legenda e agora se vê enrolado num escândalo nacional de corrupção.
Veja a matéria:
OPERAÇÃO MIQUEIAS – Corrupção: PMDB goiano no centro do furacão
Mesmo na oposição, partido protagoniza mais um escândalo no estado de Goiás
Nada como um dia após o outro. Se o governador Marconi Perillo vinha conseguindo restabelecer sua imagem abalada com o caso Cachoeira, agora o episódio parece estar totalmente superado. E quem conseguiu a façanha de trazer um novo escândalo para se sobrepor ao caso foi a oposição ao governo estadual e, de novo, através de uma operação da Polícia Federal. Troca-se Monte Carlo, operação que desbaratou o esquema liderado por Carlos Cachoeira que culminou com a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres, por Miquéias e temos um novo escândalo na política goiana.
Desta vez, quem está no centro do furacão é nada mais nada menos do que o presidente estadual do PMDB, deputado estadual Samuel Belchior, promessa de renovação nos quadros do partido, tão carente de novos nomes. Como era de se prever, o escândalo caiu como uma bomba nas oposições, integrada por PMDB/PT, em um front, e por DEM/PSB em outro. E evidentemente é o mais novo trunfo dos defensores da base aliada do governador.
Samuel Belchior é apontado pela Polícia Federal como lobista de um esquema que desviou a menos R$ 50 milhões de fundos de pensão previdenciário de prefeituras. A Operação Miqueias oi deflagrada no último dia 19 com o objetivo de desarticular duas organizações criminosas com atuações distintas: uma de lavagem de dinheiro e outra de má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. Na ação, 20 mandados de prisão foram cumpridos, sendo 14 no Distrito Federal, dois em Goiânia e dois no Rio de Janeiro. Também foram cumpridos 74 mandados de busca e apreensão de documentos e veículos de luxo no Distrito Federal e em nove estados.
A organização criminosa era investigada há um ano e meio por suspeita de lavagem de dinheiro por meio das contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas. Na ocasião, foi verificada a existência de uma holding de empresas que consistia em um verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.
A quadrilha lavou cerca de R$ 300 milhões, sendo que R$ 50 milhões vieram da aplicação indevida de recursos de fundos de investimentos previdenciários.
Samuel Belchior foi alvo de um mandado de busca e apreensão, solicitado à Justiça pela Polícia Federal. Policiais federais, uma delegada e dois agentes, estiveram na casa do deputado, às 6 horas da manhã do dia 19. Depois das buscas, o deputado foi convidado a prestar esclarecimentos na sede da PF em Goiânia. A polícia chegou a pedir a prisão do deputado, mas a Justiça não acatou o pedido.
Segundo a polícia, a organização criminosa aliciava prefeitos e gestores dos fundos previdenciários para que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papéis geridos pela quadrilha, o que configurava o desvio dos recursos. O esquema consistia em aliciar agentes públicos para que as prefeituras investissem o dinheiro dos fundos de pensão em títulos indicados pelo grupo. Em troca, o gestor recebia uma parte do dinheiro.
Esses investimentos eram em títulos com baixa remuneração, o que causou prejuízos em fundos de pensão de dez municípios. Um dos cabeças do esquema é o doleiro Fayed Traboulsi, que recrutava modelos para conseguir aproximação com os prefeitos, assim, conseguir os investimentos dos fundos de pensão.
Durante a investigação, o deputado federal Leandro Vilela foi fotografado ao lado dos deputados estaduais Daniel Vilela e Samuel Belchior, todos do PMDB goiano, em almoço com a modelo Luciane Hoepers – uma das operadoras do esquema, segundo a PF.
Samuel seria um dos lobistas do grupo, responsável por apresentar os prefeitos e gestores dos fundos de previdência para Luciane Hoepers. No dia em que estourou a operação, o deputado foi ouvido pela PF e admitiu ter tido apenas um contato com Luciane, durante almoço em Brasília. Mas o inquérito traz várias gravações de conversas telefônicas entre ele e Luciane.
Em uma gravação ocorrida no dia 17 de abril, Samuel diz que está trabalhando para ajudá-la e acrescenta que não vai lhe dar o “peixe, mas que está abrindo as portas para ela”. Eles também combinam de viajar juntos para Rio Branco, no Acre, onde o deputado informa que tem um “sócio rico e influente, não só no município, mas em todo o Estado”.
Deputado nega participação no esquema
Após dias de silêncio, Samuel Belchior falou da tribuna da Assembleia Legislativa sobre a Operação Miqueias. O peemedebista negou fazer parte do esquema de desvio de recursos investigado pela PF alegando ser vítima do sensacionalismo da imprensa. O deputado também disse que não está indiciado.
“Nunca pedi favor em troca de benefícios. Não sou lobista. Só na PF fui entender o que estava acontecendo. Não conheço a empresa, não conheço os proprietários nem as pessoas investigadas. Após esse dia começou o sensacionalismo”, falou
Pastinha
Sobre a relação com Luciane Hopers, Belchior relatou como conheceu a moça e afirmou que não intermediou negociações com fundos de pensão.
“Conheci a moça em março de 2013. (…) Não era intimo dessa moça. Não sejam injustos, leiam o inquérito que lá vocês vão perceber a verdade. (…) Jamais, por meu intermédio, foi feito algum negócio com este grupo. Nunca levei esta moça para falar com nenhum prefeito.”