Uma juíza e uma desembargadora tomaram decisões, no curso da greve dos professores municipais de Goiânia, que ninguém cumpre, todos ignoram e fica tudo na mesma – como se nada tivesse acontecido.
Primeiro foi a desembargadora Beatriz Franco, que decretou a ilegalidade da greve dos educadores goianienses, a pedido da Prefeitura de Goiânia. A magistrada também determinou que a categoria voltasse imediatamente ao trabalho.
Tá. Mas ninguém deu a menor bola. A greve é ilegal, mas, e daí? Voltar ao trabalho? Como? A decisão da desembargadora simplesmente é inexeqüível, pois não há como obrigar os professores municipais a retomarem suas atividades. E decretação de ilegalidade de greve, no Brasil, é um ato para inglês ver, ou seja, sem nenhuma eficácia. Ninguém liga.
Depois, foi a juíza Jussara Cristina Oliveira Louza, que concedeu o mandado de reintegração de posse do plenário da Câmara de Vereadores, a pedido do presidente do Legislativo, Clécio Alves (PMDB). Porém, na própria decisão, a juíza proibiu que viesse a ser utilizado qualquer meio violento para promover a retirada dos grevistas.
Ora, na base do convite, “vamos sair, pessoal”, é claro que nada aconteceria, como de fato nada aconteceu. Um oficial de Justiça foi até a Câmara e voltou de mãos abanando, pois os grevistas decidiram que vão continuar no plenário. O abacaxi voltou para as mãos da juíza, que agora terá de resolver se cumpre a lei e manda a polícia retirar os professores do plenário – na marra ou se deixa tudo como está para ver como é que fica.
Que Justiça é essa que ninguém obedece?