Tem certas coisas que acontecem só em Goiás.
Diante da iminência da instalação da CPI da Assembleia Legislativa que vai investigar fraudes em fundos municipais de pensão e o envolvimento do deputado Samuel Belchior, do PMDB, com uma organização criminosa, conforme a Polícia Federal, a coluna Giro, de O Popular, passou a publicar “recados” de Samuel Belchior para os eventuais membros da CPI – que ainda nem foram escolhidos.
Giro, na quinta-feira, publicou sem questionar uma ameaça do deputado peemedebista, dizendo que “sabe” de fatos comprometedores envolvendo outros parlamentares da Assembleia e que, se ele for alvo de uma investigação mais séria, vai botar a boca no trombone.
Ora, isso é muito sério. Como é que um espaço jornalístico da nobreza da coluna Giro aceita veicular uma chantagem, sem sequer questionar o que está acontecendo e sem se posicionar corretamente, isto é, afirmando que se Samuel Belchior “sabe” de fatos delituosos, ele tem a obrigação de revelá-los imediatamente?
Mas, nesta sexta, Giro vai mais longe e divulga nota dizendo que a “ameaça” funcionou e que deputados governistas estariam recuando da disposição de aprofundar a apuração sobre Samuel Belchior e, sobretudo, deixando de lado a hipótese de cassação do seu mandato.
As duas notas carecem de um mínimo de ética jornalística. E o deputado Samuel Belchior, que fez média nas páginas de O Popular, dizendo que queria, sim, ser investigado, e que nada tinha a temer, desmente as suas próprias palavras e mostra que está receoso.
E a coluna, assinada pelo competente Jarbas Rodrigues, mais numa vez se presta a portavoz acrítico de jogadas políticas de baixo nível.