Apesar de dedicar um espaço muito maior (em comparação com a Operação Miqueias) e dar quatro manchetes de primeira página para a cobertura da Operação Tarja Preta, que investiga um esquema de fraudes em compras de medicamentos por Prefeituras goianas, o jornal O Popular só concedeu meia página para que o deputado Talles Barreto fizesse a sua defesa.
Na cobertura da Operação Miqueias, que não recebeu nenhuma manchete principal de primeira página e teve espaço muito bem menor que a Operação Tarja Preta, o deputado estadual e presidente regional do PMDB, Samuel Belchior, ganhou uma página inteira para se defender. A entrevista foi objeto de chamada de oito colunas, no alto da primeira página, destacando uma suposta coragem de Samuel em “quebrar o silêncio” e falar sobre o seu indiciamento no inquérito da Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
Quem entrevistou Samuel Belchior foi o seu ex-assessor de imprensa, Caio Salgado, hoje integrante da equipe de O Popular. Já Talles Barreto foi “premiado” com Fabia Pulcineli como sua inquiridora. Fabiana está alguns graus acima de Caiado Salgado, como entrevistadora e repórter política e isso tanto é verdade que basta comparar as perguntas das duas entrevistas, que facilitam para Samuel e complicam para Talles.
Mais: a entrevista em que Talles Barreto se defende, publicada neste sábado, merece uma citação de uma linha, no final da chamada referente à manchete principal de primeira página, neste sábado, mais uma vez (a quarta, vale repetir) sobre a Operação Tarja Preta. E lembrando que a entrevista de Samuel Belchior, além do espaço interno de uma página inteira, foi manchete de oito colunas no alto da primeira página.
Aliás, O Popular chegou a anunciar que a Polícia Federal não indiciaria o deputado peemedebista – informação errada que o jornal teve de desmentir depois. Em seguidas matérias, O Popular também insistia na tese de que o parlamentar só teria sido “apontado”, “citado” ou “mencionado” na Operação Miqueias, quando, na verdade, o caso era muito mais grave – Samuel foi “indiciado” mesmo e chegou a ter a sua prisão temporária requerida pela PF.