Veja editorial da rádio 730:
Enquanto o usuário do transporte público sofre com a qualidade do serviço, os responsáveis por resolver o problema simplesmente não vão trabalhar
Última atualização em Sexta, 15/11/2013 11:13h
A cidade passa por uma crise no transporte público e o fato é que as autoridades parecem pouco preocupadas em resolvê-lo. Pelo menos é o que indica a ausência dos membros da Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo, a CDTC, em reunião marcada esta quinta-feira, mas adiada por falta de quórum. Bateram ponto apenas três dos nove integrantes, enquanto o mínimo necessário para iniciar a reunião eram cinco membros. Nas mãos de nove pessoas está a responsabilidade de zelar por um serviço utilizado por centenas de milhares de cidadãos na região metropolitana da capital. E eles matam o serviço.
O encontro não era apenas para tomar chá e colocar a conversa em dia, como normalmente ocorre nas reuniões do serviço público. Na pauta constava o futuro do programa Ganha Tempo, gestado para aplacar a fúria dos que desceram do meio fio durante os protestos de junho e julho deste ano. Os empresários afirmam não poder arcar com as despesas e o poder público também se esquiva de assumir o compromisso. O tema é importante, mas além dele é possível citar outras dúzias de dificuldades no sistema público de transporte que mereciam a atenção dos integrantes da CDTC.
Entre elas a superlotação dos ônibus, que transforma o simples percurso de ir e voltar do trabalho ou da escola na Via Crúcis da parcela menos favorecida da população. Que não bastasse ser tratada como gado, ainda sofre com os arrastões que se tornaram corriqueiros nos ônibus da capital. Todos temas muito pertinentes para uma reunião da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo. O que não é pertinente é o descaso com que os membros da câmara tratam os cidadãos que dependem das suas decisões.
E o cano na reunião da CDTC não é um ponto fora da curva. Há cinquenta dias nenhum encontro é realizado pelos seus membros. Enquanto o sofrimento é cotidiano para quem usa o transporte público, o trabalho é opcional para quem é responsável por fiscaliza-lo. Não tarda e novamente será a hora de uma nova queda de braço entorno do aumento da passagem. Depois de um ano sofrendo com a queda vertiginosa da qualidade do serviço, o que os ilustres membros da Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo pretendem fazer? Manter congelados os preços da tarifa e aguentar a pressão das empresas ou aumentar o valor e suportar as consequências de uma população com todos os motivos para estar insatisfeita? A cidade sofre com a incompetência dos seus governantes e o fato é que a paciência está se esgotando. É a hora de, pelo menos, começar a trabalhar.