Em agosto de 2004, o então senador Maguito Vilela (PMDB) ocupou a tribuna do Senado, durante a sessão do dia 24 de agosto, uma terça-feira, para fazer um longo discurso de defesa do também então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, no qual insistiu repetidas vezes que podia garantir que o hoje prisioneiro da Papuda “é um homem de bem”.
Em aparte, o senador Heráclito Fortes, na época no PFL do Piauí (hoje, está no PSB), disse “estranhar” a defesa apaixonada que Maguito fazia do petista mensaleiro. “Ao longo do meu mandato como senador, tenho visto várias figuras do Governo serem atacadas e criticadas, mas nunca vi ninguém ser defendido com tanta veemência”, disse Heráclito a Maguito.
Na época, o mensalão ainda não havia estourado, mas Delúbio já era tesoureiro do PT e estava envolvido em vários escândalos, inclusive desvio de recursos do Banco do Brasil – uma antevéspera do que estava por vir com a quadrilha mensaleira da qual ele foi um dos maiores expoentes.
Maguito retrucou Heráclito. Explicou que a sua consciência impunha a ele, Maguito, que deixasse bem claro para o Senado que “Delúbio é um homem de bem e tem um passado de lutas que recomenda o seu futuro”. E ainda, ingenuamente, esclareceu que “Delúbio estava na tesouraria do PT porque “Delúbio é um matemático, tem mestrado, é uma pessoa extremamente preparada” para ocupar qualquer cargo.
Heráclito, ao concluir o seu aparte, ainda advertiu Maguito: “Pode defender o homem, tudo bem, mas não o transforme em santo porque não fica bem”.
E não ficou mesmo: menos de um ano depois, estourava o mensalão.