Veja reportagem publicada nesta segunda-feira no Diário da Manhã:
Oposição patológica
Políticos criticam e não demonstram projetos factíveis nem estudos coerentes para solução de problemas dos poderes Executivos. Em Goiás, oposição está no palanque, desde 2010. No Brasil, opositores de Dilma não apresentam programa diferente
Diário da Manhã
Welliton Carlos
Costuma-se dizer que a oposição tem no mínimo ideologia definida e reconhecível. Ou seja, se reúne para dizer que, uma vez no governo, fará tudo diferente – ou quase tudo. Mas quando observados de perto, os políticos distantes do poder adotam um comportamento mais previsível e sistêmico do que idealista ou criativo.
As oposições, em sua maioria, são patológicas, na medida em que ‘pathos’ significa ‘sofrimento’. Oposição patológica – e não mais ideológica – significa, então, escancarar o sofrimento, mas não oferecer cura.
Cientistas políticos consultados pela reportagem do DM afirmam que, em sua maioria, políticos opositores brasileiros atuam com a clara intenção de chegar ao poder, sem necessariamente apresentar projetos alternativos e diferenciados.
Na Medicina, a patologia significa estimulos anormais que acabam provocando a agressão de órgãos e do corpo humano. Logo, patologias são doenças, alterações do estado normal, enfim, uma distorção de algo que permanecia equilibrado. No Brasil, a oposição funciona exatamente como agente deformador da realidade. Para o grupo, apresentar a realidade quanto pior, é melhor.
Há um ano das eleições para presidente e governo de Estados, opositores tentam criar um clima de dificuldades para que possam estar no lugar dos opositores. O modelo político parasitário da oposição se repete em todas as instâncias. Desde a relação entre os partidos Liberal e Conservador, Republicanos e Democratas, UDN e PSD, o Brasil vive uma era de crítica pela crítica. Raros são os casos em que a oposição atua de forma construtiva.
No governo federal, os principais opositores da administração de Dilma Rousseff, em sua maioria, por exemplo, não consegue articular projetos alternativos de poder. Educardo Campos (PSB) e Marina Silva (PSB) não podem ser oposição por um simples motivo: estiveram no mesmo grupo de poder. Daí a incoerência absoluta em criticar aqueles que concordavam com eles até pouco tempo.
Menos mal, mais ainda patológico, Aécio Neves e outros tucanos têm liderado um PSDB apático, que durante três gestões petistas pouco acrescentou ao rol de alternativas federais. Foram desarmados pela falta de criatividade, afinal as políticas públicas do PT emoluram exatamente aquelas que foram praticadas pelo PSDB durante duas gestões de Fernando Henrique Cardoso.
As últimas críticas de Aécio Neves (“O PT é um software pirata”) são bem-humoradas e representam certa verdade, mas não trazem em seu conteúdo um projeto de país. Os pré-candidatos à Presidência deveriam oferecer alternativas ao modelo Tributário e Previdenciário, por exemplo, mas se imobilizam frente à política de Dilma – que repete Lula, que repetia Fernando Henrique Cardoso (FHC).
O Fator Previdenciário criado na gestão de FHC, por exemplo, é o mesmo aplicado no atual governo e ninguém discute se ele está ou não atual. O PT recebeu de bom grado o projeto. E se o PSDB vencer as eleições, sem dúvida, deverá manter o mesmo sistema. Eis a pergunta da população: então, para que mudarmos a gestão?
Em Goiás, a oposição se comportou pior do que a tucana em nível nacional. Mal terminou as eleições, em 2010, e o grupo permaneceu aos berros no palanque. As contradições se afloraram: deputados estaduais como Mauro Rubem (PT), por exemplo, se mostraram apoiadores da greve dos policiais civis. Todavia, durante a greve dos professores do município, onde o deputado apoia o governo, ele se silenciou. E a contradição aflora: o histórico de Mauro Rubem é de criticar os policiais, por conta de sua atuação no crescente cenário de violência. Mas se é para atacar o governo, os defende.
Da mesma forma, ficou quieto quando o povo se levantou contra o aumento do IPTU. Deputados de oposição fazem, assim, oposição política e não aos princípios políticos. Desta forma, defendem Justiça social quando é fácil defender.
Governo
Outros pré-candidatos ao governo, caso de Júnior Friboi e Vanderlan Cardoso, pecam pela falta de alternativas ao modelo de gestão do atual governante. Como empresários, usam o velho discurso de que a gestão da iniciativa privada deve ser aplicada no modelo público – quando sequer imaginam que isso rompe com princípios clássicos de direito administrativo e que jamais, em hipótese alguma, podem ser colocados em prática.
Na Câmara Municipal de Goiânia, se repete o mesmo sistema: a oposição ao prefeito apresenta inúmeras ações contudentes e questionadoras, caso do projeto de orçamento impositivo, que teve no vereador Geovani Antônio (PSDB) o principal proponente. Antes de ser aprovada, a proposta merece maior debate na sociedade, com o chamado de especialistas em adminstração pública. Mas de imediato o grupo opositor tentou fazer com que a Prefeitura de Goiânia legalizasse uma norma que aparentemente fere as competências dos poderes.
No plenário, a oposição apresenta poucas propostas e sugestões fundamentadas nas regras da administração pública. Sem uma postura republicana, a oposição deixa de aprovar projetos de lei relevantes e acaba onerando os cofres públicos, sem apresentar um serviço de qualidade parlamentar.