Leia o artigo da vereadora Dra. Cristina, em O Popular:
Bem público é coisa séria
Estão mais uma vez em jogo os interesses de Goiânia e dos seus cidadãos. Amanhã será realizada sessão extraordinária na Câmara para votação do projeto de desafetação de 18 áreas públicas, retirando a função original desses terrenos que são destinados a creches, hospitais, escolas.
São 209 mil m² distribuídos em várias regiões da cidade, especialmente na Região Sul, próximo aos condomínios fechados e ao Paço Municipal, além de terrenos no Parque Lozandes, Setor Universitário, Brisas do Cerrado, Moinhos dos Ventos, entre outros. A previsão do Paço é arrecadar quase R$ 300 milhões com a venda.
Ora, a quem interessa a desafetação dessas áreas, se nem mesmo os moradores vizinhos a esses terrenos foram ouvidos?
A votação, amanhã, entre o Natal e o ano-novo, dá uma pista de que o Executivo não tem intenção de ouvir a população sobre a desafetação das áreas públicas, que pertencem à população de Goiânia. A escolha da data é justamente para esvaziar a discussão e uma decisão dessa magnitude passar à margem, sem que a população tenha direito de questionar e se indignar.
Engana-se quem pensa que a Câmara não será cobrada sobre suas decisões. Os vereadores que endossam as estratégias do Executivo, sem planejamento e visando apenas à arrecadação, pagarão o preço nas urnas, à medida que o cidadão pagará o preço de uma cidade que cresce desordenadamente à mercê da especulação imobiliária.
Ainda que em Goiânia não faltassem escolas, creches e aparelhos públicos de lazer, a desafetação dessas áreas já seria questionada, pois o cidadão tem direito de opinar sobre os rumos da cidade onde vive.
Infelizmente não moramos na Suécia, onde o morador paga impostos e em troca recebe serviços de excelência em saúde, educação, segurança e lazer. E onde, principalmente, o cidadão é consultado sobre o seu futuro e o da sua cidade. O quê, aparentemente, está sendo feito é uma tentativa de encher os cofres públicos às custas do cidadão e do futuro da nossa cidade.
As áreas em questão fazem parte de uma reserva destinada à edificação de órgãos da administração. Como podemos vender um patrimônio público se a própria Prefeitura paga aluguel para funcionamento de órgãos municipais? A conta não fecha.
Como podemos vender para exploração imobiliária áreas destinadas à construção de parques, praças e equipamentos públicos? Cidade sustentável é muito mais que slogan bonito. É trabalho transparente, participativo e com planejamento. Queremos e podemos ter uma cidade mais justa com melhor divisão dos recursos públicos. Queremos e merecemos uma cidade sustentável.
Cristina Lopes Afonso é vereadora pelo PSDB e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania