Leia artigo a jornalista Cileide Alves, publicado neste domingo no jornal O Popular:
Oposição em chamas
Os partidos de oposição ao governo estadual vivem desde meados do ano passado um profundo processo de embates internos. O PMDB foi o primeiro a se sangrar em público, com a disputa entre os grupos liderados pelo ex-prefeito Iris Rezende e o empresário José Batista Júnior. Depois foi a vez do grupo liderado pelo também empresário Vanderlan Cardoso e o ex-deputado Ronaldo Caiado.
Neste caso houve ajuda externa, a rejeição da ex-senadora Marina Silva à presença de Caiado no grupo, logo após sua aliança com o governador pernambucano Eduardo Campos e sua filiação ao PSB. Todavia, independentemente da origem deste conflito, ele fez uma grande vítima, a articulação de Vanderlan e de Caiado para criar uma alternativa política em Goiás contra os dois polos históricos da disputa eleitoral, liderados de um lado pelo governador Marconi Perillo e de outro por Iris Rezende.
Semana passada foi a fez de o PT brigar em praça pública. Os protagonistas da vez foram os prefeitos de Anápolis, Antônio Gomide, e o de Goiânia, Paulo Garcia. O primeiro defendendo sua pré-candidatura a governador pelo PT e o segundo brigando para continuar como protagonista no processo político, depois de ter jogado a toalha de sua própria pré-candidatura, e também em defesa da candidatura de Iris, seu grande aliado político.
Esse quadro mostra a enorme dificuldade da oposição de se unir em torno de um projeto único para derrotar o grupo que atualmente governa o Estado. E essa dificuldade não deriva da maior ou menor eficiência dos atores dos dois grupos de poder da atualidade. É crônica.
Em 1998, a oposição da época também sofreu do mesmo mal da oposição de hoje. Basta lembrar que a candidatura de Marconi Perillo só foi confirmada às vésperas do prazo final das convenções depois de um longo embate público entre integrantes de seu grupo. Os peemedebistas, encastelados no poder desde 1983, estavam unidos em torno da candidatura de Iris Rezende para suceder Maguito Vilela.
Como se vê as causas da natural autoflagelação oposicionista e da unidade governista são bem mais complexas. O poder aglutina governistas de qualquer época e de qualquer grupo político. O desejo de permanência no poder contém defecções e acalma insatisfações. Nada como cargos e obras para alimentar uma unidade.
Já os nomes da oposição, ao contrário, disputam entre si o posto de líder para comandar o grupo na hipótese de alcançar o poder. No caso atual, Iris, Gomide, Vanderlan e Júnior estão demarcando território nesta primeira fase do processo político de luta pela conquista do poder.
Só que para vencer essa primeira fase e chegar competitivo à segunda, a eleição em si, os oposicionistas precisam encontrar um ponto de equilíbrio na sua guerra interna, pois do contrário já entrarão abatidos na segunda fase do jogo. Não à toa, os governistas vibram com a briga dos adversários e torcem muito para ver sangue do outro lado.