O deputado estadual Mauro Rubem (PT) disse em entrevista a “O Popular” que é normal a oposição ‘pular a cerca’. O parlamentar se refere à posição do grupo anti-Marconi Perillo, em Goiás, que atua na Assembleia Legislativa, que ora combate o governador e ora se articula para defendê-lo em supostas trocas de favores. O fato tem queimado a oposição a ponto dela se contradizer a praticamente toda sessão.
Rubem não fazia parte deste grupo opositor de conveniências – puxado por deputados híbridos. Até então era o último do batalhão dos que não se ‘vendiam’. A frase em “O Popular” confundiu tudo e agora deixou mais claro. O deputado estadual metido a ser de esquerda entregou sua linha moral e ética: é também daqueles que acha normal o opositor agir conforme suas conveniências. Toma lá, dá cá. Se antes se diferenciava de deputados amadores como Major Araújo, que tenta se leiloar, agora ele assumiu a casaca. Rubem é também um parlamentar de conveniências.
Sua trajetória de ataques ao governo é famosa. Também é famosa sua defesa das políticas públicas e ações petistas, como o controle ditatorial da imprensa. O que ninguém esperava era que ele tentasse, em uma só atitude, juntar a ética da política aristotélica com a ética maquiavélica.
Explica-se: na política grega imperava a política voltada para a verdade e comunidade. O político encarnava os interesses da sociedade, da ‘polis’. Aristóteles escreveu um livro sobre isso chamado “A Política”. O tempo passou e surgiu na filosofia política a figura de Nicolau Maquiavel, que no século XVI desejava bajular o príncipe. E ele próprio.
Rubem saiu rapidamente da ética aristotélica para a ética de Maquiavel. Em vez de falar que “os fins justificam os meios”, ele disse que é normal a “oposição pular a cerca” – ou seja, é normal e conveniente agir conforme o umbigo e não conforme deseja a sociedade, a ‘polis’. É bom o deputado estadual comemorar o feriado, pois qualquer cientista político iria desmascarar toda sua pompa e circunstância com a simples junção das palavras ‘pular a acerca” e uma interpretação de suas últimas atitudes.
Mauro Rubem agora terá que articular outra forma de atuação, na medida em que assumiu ser um político de conveniências. E tanto é verdade que no início do mês fez que não viu a blogueira e militante cubana Yoani Sanchez pedir ajudas no Brasil, apesar de ser presidente de uma Comissão de Direitos Humanos, na Assembleia Legislativa. Tudo em nome do PT e dele próprio, ou se preferir sua convicção.