Veja matéria do Jornal Opção sobre Duda Mendonça:
Publicitário ainda sem história com final feliz em Goiás
Duda Mendonça é o marqueteiro político mais conhecido do País. Virou mito depois de ter elevado Luiz Inácio Lula da Silva de um pejorativo “Sapo Barbudo” para o “Lulinha Paz e Amor”. Não se pode creditar a vitória petista à Presidência naquele já distante 2002 apenas ao publicitário, mas é bom respeitar a parte que lhe cabe: o trabalho de transformação que o baiano fez com a imagem daquele que já havia sofrido três derrotas consecutivas para o mesmo posto é algo que merece ser sempre citado.
É esse Duda que o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi (PMDB), agora contrata para transformar sua pré-candidatura ainda contestada em vitória na sucessão estadual. É verdade que o histórico “bruto” do publicitário não o favorece em Goiás: foram quatro participações em eleições no Estado — 1994, 1998, 2004 e 2006. Ao fim, placar totalmente negativo: quatro derrotas dos candidatos por quem ele trabalhou.
Mas há controvérsias em relação ao que ocorreu. A frieza dos resultados obtidos levaria a deduzir que simplesmente houve incompetência de Duda Mendonça e de sua equipe. E foi isso que os adversários invocaram – como forma de provocar ou intimidar –, logo que Júnior Friboi anunciou oficialmente, em 29 de janeiro, o marqueteiro como senhor de sua campanha rumo ao governo do Estado. Tentar fazer colar a imagem de “pé-frio” — ou, até pior, de inócuo — naquela que será uma das figuras-chave do campo rival é algo que é do jogo político. Este, porém, é apenas um lado da história.
O outro mostra o contexto em que as derrotas ocorreram. Para começo de conversa: nas quatro vezes que esteve em campanhas no Estado, Duda sempre foi convocado para o lado que estava em desvantagem. Quadros às vezes insustentáveis como o de Iris Rezende (PMDB) contra a jovem surpresa Marconi Perillo, em 1998, pelo governo de Goiás; ou o de Pedro Wilson (PT), na atordoada corrida em busca da reeleição em 2004, contra o então ressurgido Iris, no segundo turno da sucessão em Goiânia.
Mas a história de Duda começa em 1994, quando veio assessorar a campanha da hoje senadora Lúcia Vânia (PSDB). Ela, então, era deputada federal e estava no PP. O PP era também o partido de Paulo Maluf, então prefeito de São Paulo, em boa parte por causa da emblemática campanha publicitária liderada pelo baiano em 1992 — Duda já havia feito o mesmo trabalho para o pepista em 1990.
O cenário era complicado: o candidato do PMDB era Maguito Vilela (vice de Iris Rezende, eleito em 1990, ambos se desincompatibilizaram para serem candidatos — Iris ganhou para o Senado). De quebra, teve de dividir os votos da oposição numa batalha árdua com Ronaldo Caiado (PFL). Alquebrada pela disputa fratricida, Lúcia foi ao segundo turno contra Maguito e a máquina do Estado. Obteve 782 mil votos (43,5% dos votos válidos), diante de pouco mais de 1,01 milhão do peemedebista (56,5% dos votos válidos). Duda Mendonça participou do segundo turno, por meio de João Santana. Tanto é que agora, em uma espécie de ato falho, os críticos do publicitário lembraram, daquela já longínqua campanha de 20 anos atrás, exatamente do jingle da hoje senadora: “Ela conhece Goiás”, baseada na emoção, assim como foram as campanhas para Paulo Maluf. “Maluf fez, Maluf faz” ainda era “um a mais” contado por gente que esteve do outro lado nas campanhas rivais, mostra outro quadro.
Em 1998, a presença do marqueteiro foi requisitada de emergência, para tentar reverter o surpreendente quadro com que se deparou a campanha peemedebista ao fim do primeiro turno. Depois de iniciar o período eleitoral como virtual campeão diante de um candidato que inicialmente estaria ali apenas para marcar posição — Marconi Perillo já tivera a garantia de uma acomodação no governo federal por abrir mão de sua reeleição à Câmara dos Deputados —, Iris Rezende tentava reverter o revés. Duda Mendonça foi chamado e, de acordo com pelo menos um testemunho, dificultou em muito a curva de crescimento estilo “fogo morro acima” que tinha o candidato Marconi. A ponto de essa mesma pessoa dizer que Iris poderia ter virado a eleição se houvesse alguns dias a mais de campanha no segundo turno.
A experiência de Duda Mendonça com eleição municipal se deu em 2004. Iris Rezende estava de volta, depois de beirar o ostracismo político e de o PT se demorar a acertar uma composição com o PMDB no ano anterior. O nome de Iris foi como fósforo na gasolina para a população goianiense. E a administração petista batia cabeça, a ponto de o então prefeito Pedro Wilson, candidato à reeleição, estar ameaçado de ser impugnado, sob a alegação de ter estado presente a uma inauguração fora do período permitido pela legislação eleitoral. Pior: a comunicação do Paço não sabia traduzir para o goianiense as realizações da Prefeitura. Duda chegou tarde demais, mas conseguiu mudar o rumo, levar Pedro ao segundo turno e diminuir o tamanho da vantagem irista.
Em 2006, Duda Mendonça chegou a ajudar, como consultoria, o candidato Maguito Vilela, que foi derrotado por Alcides Rodrigues, que, ironicamente, ocupava a posição semelhante vice-governador “elevado” a candidato com a saída do dono da cadeira para tentar a vaga ao Senado — à sua em 1994.