domingo , 24 novembro 2024
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Vexame: Euler Belém aponta enxurrada de erros de português em duas matérias do repórter Daniel Gondim, de O Popular

Não dá nem pra comentar:

Não dá nem pra comentar: o editor-chefe do Jornal Opção, Euler Belém, conhecido pela sua erudição e domínio da Língua Portuguesa, leu duas matérias publicadas pelo jornal O Popular sobre a visita do delegado federal Tuma Jr. a Goiânia e ficou estarrecido com o oceânico volume de erros cometidos pelo repórter Daniel Gondim, autor de ambos os textos.

Veja, leitor, como o maior e mais importante jornal de Goiás trata o idioma pátrio:

Tuma Junior vai investigar por qual razão O Popular assassina a Língua Portuguesa?

Euler Belém

Dois textos publicados na quinta-feira, 13, sugerem que o “Pop” esqueceu, de vez, a Língua Portuguesa. Numa reportagem, “Livro — PSDB banca vinda de Tuma Jr.”, e numa entrevista, “Romeu Tuma Jr. — ‘Lula é capaz de abraçar o capeta para ver Marconi fora da vida política’”, o repórter Daniel Gondim comete erros da primeira à última linha. Listemos alguns deles.

1 — O “Pop” muda até o título do livro. A Editora Topbooks lançou “Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado”. O jornal goiano criou outro título, pluralizado: “Assassinatos de Reputações: Um Crime de Estado”.

2 — Falta a padronização básica: o repórter escreve Tuma “Júnior” e Tuma Jr.

3 — O nome correto do delegado e, agora, escritor é Romeu Tuma Junior. Gondim rebatizou-o: “Júnior” — com acento agudo no “u”.

4 — O nome do jornalista e professor universitário Claudio Tognolli — autor do texto do livro — também ganhou acento. O “Pop” garante que é “Cláudio”. Mas não é.

5 — A frase “Nosso interesse esta lá na página 151” (do presidente do PSDB de Goiás, Paulo de Jesus) exclui o acento de “está”. A nova reforma ortográfica, como se sabe fora do “Pop”, não aboliu o acento agudo da palavra.

6 — O repórter do “Pop”, no afã de saber mais do que Tuma Junior, escreve: “… o ex-secretário nacional de Justiça afirma no livro que Lula era agente infiltrado da ditadura nos movimentos sindicais”. Há indícios de que Daniel Gondim exagera. Primeiro, Tuma Junior diz que Lula era “informante” de seu pai, Romeu Tuma, quer dizer, da ditadura civil-militar. Mas diz mesmo que Lula era um “agente infiltrado”? Lula não era, evidentemente, um “agente”. Segundo, movimentos sindicais é uma terminologia ampla demais. Quais movimentos sindicais? Lula, se quiser, pode processar, além de Tuma Junior, o repórter do “Pop” e pedir indenização, alegando que é uma espécie de “tumista”.

7 — Um erro comum no “Pop”: Tuma “afirma ter descoberto a ‘conta do mensalão’, que seria operada pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu”. Dona Vírgula não se aceita entre Casa Civil e José Dirceu. Se fosse “o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu” — aí, obviamente, Dona Vírgula diria: “Estou no lugar certo”. Curiosa e indiretamente, o “Pop” se corrige, adiante: “sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel”. Não há, de fato, vírgula.

8 — Sobre Lula, apontado pelo “Pop” como “agente infiltrado da ditadura”, não há cautela alguma e o jornal sequer tentou ouvir o ex-presidente ou alguém ligado ao PT. Porém, exibindo uma cautela inesperada, o repórter diz que o Dops é investigado — “hoje” — “por supostamente ter torturado presos”. Supostamente? O delegado Sérgio Paranhos Fleury, torturador emérito, está “morrendo”, pela segunda vez, de tanto rir.

9 — A fala de Tuma foi transcrita pelo jornal sem qualquer adaptação, o que, aqui e ali, a torna ilegível. Diz-se: “através da editora”, quando o certo é “por meio” ou “por intermédio”.

10 — O “Pop”, quando se deve usar “aonde”, usa “onde”.

11 — A palavra minúcias, talvez considerada curta demais pelo repórter, ganha um “n” a mais — “minúncias”

12 — Gondim deve ter sido alfabetizado em espanhol. Leia: “Esse é um dos capítulos dos libros mais detalhados”.

Apura-se duplo erro. Primeiro, como foi escrito em português, trata-se de um livro, não de um “libro”. Segundo, Tuma Junior não escreveu dois livros, e sim um livro. Ah, sim, estaria preparando outro livro.

13 — “Montaram um dossiê e queriam usar minha secretária”, registra o “Pop”. Coitada da secretária de Tuma Júnior, pois foi “confundida” com a Secretaria Nacional de Justiça.

14 — “Por isso, saíram comigo, pois além de não aceitar e não fazer, eu denuncio”, transcreve o “Pop”. Uma virgulazinha deixará o texto mais preciso: “Por isso, saíram comigo, pois, além de não aceitar e não fazer, eu denuncio”.

15 — “Parte estão.” A concordância indica que o repórter tem vocação para Jack Estripador.

Há outros problemas, como o uso enviesado da Língua Portuguesa, tratada como “último lixo do Lácio”, mas deixemos pra lá. Tomara que o delegado Tuma Junior não decida investigar a origem dos erros e escreva um novo livro: “Assassinato da Língua Portuguesa: Um Crime Contra o Brasil”. Lula da Silva, por certo, adoraria. Seria esquecido.

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