Veja o artigo do jornalista Pablo Kossa:
O comercial de Roberto Carlos
Não dava para esperar algo diferente do Rei
Vendo a polêmica na internet que envolveu o lançamento da nova campanha da JBS estrelada por Roberto Carlos, uma incômoda pergunta não me sai da cabeça: “é sério mesmo que vocês esperavam algo diferente vindo desse cara?”.
Como a gente já sabe, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Esse é o caso de Roberto Carlos. Sou um fã de carteirinha do cara. Amo seu trabalho, em especial a fase do final da década de 1960 e todos os álbuns da década de 1970. Mas tenho total clareza que ele não mostra um trabalho de encher os olhos há tempos.
Preciso reconhecer que a música Esse Cara Sou Eu foi um gol. Longe de ser de placa, mas foi gol. E como não é só golaço que ganha jogo, esse adendo precisava ser feito. Fora esse acerto, não me lembro de nada que mereça nota nos últimos 30 ou 35 anos na carreira de Roberto Carlos.
Estamos falando de alguém doente. Um cara que deixou os problemas de sua cabeça afetarem sua imagem de ídolo nacional. As patuscadas nas quais se envolveu no últimos anos estão aí para todos verem que não estou mentindo. É censura a biografia, é Procure Saber, é não saber falar inferno em uma de suas grandes canções, é não cantar mal em outro sucesso inesquecível, é sempre se vestir com aquelas cores de bunda… É mancada que não acaba mais. Por que diabos seria um acerto seu comercial de bife da Friboi?
Se ele não comia carne, eu nem sabia. E se ele voltou, não quero saber.
Já penso nisso há muito tempo: se eu tivesse a possibilidade de trocar uma ideia com Roberto Carlos, diria para ele colocar uma calça jeans apertada e uma jaqueta de couro preta, chamar seu parceiro velho de guerra Erasmo Carlos, montava uma banda básica de guitarra-baixo-bateria, aquele tecladão timbrado anos 60 e um trio de sopros, organizaria uma turnê nacional só para mostrar para a molecada como é que se faz.
Outra chance dele recuperar sua credibilidade pública seria uma mega campanha em prol dos direitos das pessoas com necessidades especiais. Roberto Carlos em todos os cantos dizendo: “Eu também sou deficiente físico. Pela inclusão, diga não ao preconceito”.
Ganhar na Mega-Sena sem sequer ter feito um jogo na lotérica é mais provável do que eu ver essas coisas algum dia na vida.
Agora, cá entre nós, que me deu uma baita vontade de comer aquela carne de corte alto no ponto certo que eles mostram no comercial, deu demais. Os caras capricharam. Mas, como disse meu amigo José Flávio Júnior em uma comunidade do Facebook, Robertão não colocou sequer um pedacinho na boca. Deve ter ficado só no risotinho e asparguinho. E eu aqui com a boca cheia d’água. Deus não dá asa a cobra mesmo…