Entre os verdadeiros amigos do prefeito Paulo Garcia (PT), que são poucos, havia a expectativa de que o novo ano representasse uma nova etapa na prefeitura, bem diferente do desastre que foi 2013.
O prefeito foi à rua, transformou o próprio aparelho celular e sua conta no Twitter em veículos de propaganda preferenciais e chamou de “Frentes de Trabalho Ampliadas” qualquer ação banal da prefeitura, como pintar um meio fio, limpar bocas de lobo ou podar galhos de árvore.
O publicitário Renato Monteiro vendia a tese de que este era o caminho para virada. Mas não foi.
As chuvas de começo de ano trouxeram mais do mesmo. Paulo continuou a ser cobrado pelos incríveis e inúmeros pontos de alagamento espalhados pela cidade e por problemas insanáveis no transporte coletivo e no trânsito – sem falar nas pautas de sempre, como educação e saúde.
A popularidade, que já era ruim, caiu ainda mais. Não há quem conteste esta realidade sombria, cruamente exposta em pesquisas internas da prefeitura.
Decidiu-se, então, radicalizar. Em vez que tomar a administração em rédeas curtas e limitar a autoridade de cortesãos que mandam e desmandam no Paço (muitos deles do PMDB), Paulo e o PT outorgaram a missão ao novo secretário de Finanças, Cairo Peixoto (funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal), que chegou atirando.
Com aval de Paulo e Renato Monteiro, Cairo esculhambou os dois secretários que o antecederam: Dário Campos, ainda na gestão Iris Rezende, e Reinaldo Barreto (2013), imputando-lhes a responsabilidade por camuflar a verdade sobre as contas da prefeitura.
Em seguida, esbofeteou Iram Saraiva Júnior – ninguém mais, ninguém menos que chefe de gabinete do prefeito. Cairo disse que não se pode levar a sério um cidadão que está há nove anos na prefeitura e ainda teima em esconder o sol com a peneira.
Cairo é um elefante em loja de cristais ou uma peça cuidadosamente inserida no tabuleiro?
Façam suas apostas. Fato é que, como não foi desautorizado em suas polêmicas declarações, hoje é ele quem manda na prefeitura.